2ª dia do Encontro
Juventude do PSTU

 

No último fim de semana, mais de 100 jovens da cidade de São Paulo e região próxima, estudantes e trabalhadores, reuniram-se para debater o futuro da revolta popular que sacudiu o Brasil, as já históricas Jornadas de Junho. O encontro foi realizado num sítio, na cidade de São Lourenço da Serra, há uma hora da capital.
Somos os jovens nascidos nos anos 80 e 90 do século passado. A nossa infância e educação foram marcadas pela ofensiva neoliberal, que propagandeava ao mundo que o capitalismo era o fim da história, único horizonte possível.
Essa ideologia, como havia de ser, não se sustentou. Nossa geração, que cresceu nesses tempos, viu seus sonhos e futuro arrancados de suas mãos. Depararam-se, na Espanha, com uma taxa de desemprego de 55%. No Egito, para jovens com diploma universitário, esse número sobe para 90%. Não nos restou alternativa que não tomar as ruas!
Desde 2011, a “geração Coca-Cola” trocou os rótulos vermelhos do refrigerante pelas bandeiras vermelhas das revoluções. Foi protagonista das ruas e praças da Tunísia, Egito, Líbia, Síria, Turquia, de todo o “velho continente” e do coração do imperialismo, os EUA. Nenhum ditador passou ao largo dos questionamentos da juventude. Nenhuma violência reacionária passou impune. Na América Latina, vimos nossos “hermanos” lutarem por educação no Chile. Hoje, no mundo, nada é como antes.
No Brasil, mesmo com a estabilidade econômica já dando sinais de esgotamento, a popularidade do governo do PT parecia insuperável para muitos. No entanto, a juventude entrou em cena aos milhões questionando tudo e todos, indignada com a perspectiva de um futuro de migalhas do possível. Uma juventude sem tradição de luta tomou as ruas, sacudiu o Brasil e protagonizou a história. Irradiou ânimos para o mundo. Levantou os povos adormecidos de todos os cantos do nosso país continental!
A propaganda oficial pintava uma imagem do Brasil em ascensão econômica, onde a vida das pessoas estava melhorando. Acontece que a realidade é muito diferente da televisão. As famílias estão cada vez mais endividadas, os serviços públicos mais precarizados e sendo privatizados. Não lutamos só por vinte centavos. O aumento da tarifa de transporte foi apenas a fagulha da explosão social brasileira, de nossa revolta popular.
Mas, com toda a beleza desse processo, vieram também suas contradições, dúvidas e angústias. Por isso, fez-se necessário, pensar, refletir e elaborar para intervir na realidade, a fim de aprofundar essas lutas e caminhar rumo à transformação profunda da sociedade na qual vivemos.
Nesses marcos, a juventude do PSTU convidou ativistas que vivenciaram esse junho colorido, verde e amarelo, vermelho e arco-íris, para debater sobre essa complexidade. Realizamos o primeiro Encontro da Juventude Socialista de São Paulo. Nos dias 5, 6 e 7 de julho, participamos de mesas, oficinas, debates, grupos de discussão e atividades culturais e esportivas. Um encontro de jovens rebeldes, irreverentes e sonhadores.
O Encontro se iniciou com uma mesa sobre a análise de conjuntura: “A rebelião popular no Brasil e a luta dos povos no mundo”. No dia seguinte, na parte da manhã, tivemos uma mesa sobre a origem das opressões e, em seguida, grupos de discussão que debateram racismo, machismo e homofobia. Na parte da tarde, realizamos novos grupos de discussão, onde fizemos a leitura de textos de análise da conjuntura e os debatemos. Foi um momento muito especial, pois as dúvidas e opiniões foram expressas com liberdade e profundidade. À noite, tivemos uma sessão de cinema com o filme Terra e Liberdade, do diretor Ken Loach. Encerramos o dia com uma divertida festa!
No domingo, tivemos um período livre pela manhã. Alguns foram para o futebol, piscina e prática de “slackline”. Além disso, duas oficinas foram realizadas, “Concepção marxista de arte e cultura” e um debate sobre o documentário “Pinheirinho, um ano depois”. E finalizamos o encontro com uma palestra do professor Valério Arcary, onde debatemos os caminhos da revolução brasileira e a atualidade do socialismo.
Esses três dias foram marcados pela compreensão de que o capitalismo é insustentável, e é possível e necessário construir um novo mundo, um mundo socialista. O caminho dessa tarefa é oferecer a faísca revolucionária da nossa juventude à luta histórica da classe operária, o sujeito social de nossa revolução.
Somos a juventude socialista e, por isso, internacionalista e classista! Não temos medo, temos sonhos, ousadia e uma determinação: estar ombro a ombro com a classe operária brasileira na construção do socialismo!