Alckmin, durante Culto da Santa Ceia da Igreja Mundial do Pode de Deus. Foto: Governo do Estado São Paulo

Prisão para Temer, Aécio e Alckmin e toda essa quadrilha encastelada nos palácios e no Congresso

Quem pensou que Geraldo Alckmin (PSDB-SP) seria investigado pela Operação Lava Jato pensou errado, muito errado. No último dia 11, a ministra Nancy Andrighi, do Superior Tribunal de Justiça (STJ) determinou que as denúncias feitas por gerentes da Odebrecht de pagamento de propinas ao ex-governador de São Paulo fossem remetidas à Justiça Eleitoral.

A decisão contraria o pedido feito pela força-tarefa paulista da Lava Jato ao vice-procurador-geral da República, Luciano Mariz Maia, que remetesse “o mais rápido possível” o inquérito sobre Alckmin. O argumento da força-tarefa era que a investigação envolvendo o ex-governador tucano deveria ser encaminhada à primeira instância, pois Alckmin havia perdido o foro privilegiado ao renunciar do cargo de governador para concorrer à presidência da república pelo PSDB.

A decisão do vice-procurador geral foi um presente para Alckmin. Todos sabem que, ao remeter à Justiça Eleitoral – a mesma que se recusou caçar a chapa Dilma/Temer apesar das delações dos executivos da Odebrecht sobre o pagamento de propinas à campanha – o inquérito contra o tucano tem 100% de chances de resultar em nada. Até o momento a investigação sobre Alckmin transcorre sob sigilo, nem mesmo os procuradores da Lava Jato tem acesso às informações. A Justiça Eleitoral não dispõe das mesmas armas que a Lava Jato, como quebras de sigilo e ações de busca e apreensão. Além disso, penas de crimes eleitorais, em caso de uma remota condenação, são muito mais brandas do que as aplicadas a quem responde a acusações criminais.

A manobra é um verdadeiro escândalo. Mostra que a Justiça tem lado sim. O lado daqueles que têm muito dinheiro, dos corruptos e poderosos. Por isso, a “justiça” dos ricos não vai mudar nada no país, nem sequer diminuir a corrupção.

Só para recordar, Alckmin foi citado por três delatores da Odebrecht que afirmaram à Procuradoria-Geral da República que o ex-governador usou o cunhado para pegar R$ 10,7 milhões do setor de propinas da empreiteira. Alckmin figurava na famosa lista da Odebrecht com o apelido de “o santo”. O valor de R$ 10,7 milhões é muito superior aos R$ 750 mil da reforma do triplex do Guarujá que levou Lula para a prisão. O dinheiro da empreiteira foi repassado diretamente para as mãos de Adhemar Cesar Ribeiro, cunhado de Alckmin. Como se não bastasse, toda a família do tucano está envolvida em maracutaias. O sobrinho do ex-governador, Othon César Ribeiro, filho de Adhemar, também foi apontado como possível beneficiado na concessão de cinco aeroportos do interior do estado em 2017, conforme noticiou uma reportagem da revista Época.

São mais de duas décadas de governos do PSDB em São Paulo. Em todo esse tempo, muitas denúncias de corrupção emergiram, mas quase nenhuma foi apurada. Recentemente, a justiça de São Paulo manteve a prisão preventiva do ex-diretor da Dersa (departamento de obras) Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto, o operador do propinoduto do PSDB. O Ministério Público da Suíça informou a Lava Jato de que Paulo Preto tinha R$ 113 milhões depositados naquele país, transferidos para as Bahamas em 2017, quando a Lava Jato chegou com mais força ao tucanato.

Precisamos exigir a prisão dos corruptos e corruptores, mas não podemos depositar nenhuma confiança nessa justiça que sempre livrou a cara de corruptos e poderosos. Todos os corruptos e corruptores deveriam estar na cadeia, ter seus bens confiscados e suas empresas expropriadas. Muitos dizem que a justiça de seletiva. É seletiva sim, mas a saída é exigir a prisão dos demais corruptos, e não a impunidade geral. Prisão para Temer, Aécio e Alckmin e toda essa quadrilha encastelada nos palácios e no Congresso.