A Delphi, empresa de autopeças em Paraisópolis, sul de Minas Gerais, demitiu 600 dos seus 3.200 trabalhadores no início deste ano. A alegação da empresa foi a crise econômica.
Agora, após uma dura batalha, a juíza-substituta, Fernanda Itri Pellegrini, da Vara de Santa Rita de Sapucaí, concedeu liminar que determina a suspensão das rescisões contratuais de mais de 300 demitidos. Também foram proibidas novas demissões até a data da audiência de conciliação a ser marcada.

A juíza determinou, ainda, que a empresa apresente, na audiência de conciliação, os balanços patrimoniais e o demonstrativo contábil dos dois últimos anos. A suspensão das demissões é uma vitória parcial, já que estas não estão definitivamente canceladas. Porém, fortalece a luta dos trabalhadores contra as demissões e a retirada de direitos.

Arrogância
A produção da Delphi é voltada para a General Motors, fornecendo “chicotes”, peça utilizada na parte elétrica, fazendo funcionar o painel do veículo, por exemplo. No ano passado, a empresa obteve um faturamento recorde com o aumento da sua produção, impondo um ritmo exaustivo a seus operários.

A direção da Delphi, em nenhum momento, tentou evitar as demissões. Nem mesmo os recursos de licença-remunerada ou férias coletivas foram cogitados. Agora, a Delphi será obrigada a abrir seus livros. Dessa forma, será possível saber se a empresa está agindo de má-fé, o que é a hipótese mais provável, ao demitir para reduzir os custos e manter os lucros.

Resposta dos trabalhadores
No dia 1º de abril, os metalúrgicos de Itajubá, organizados pelo Sindicato dos Metalúrgicos, ligado à Conlutas, realizaram uma grande manifestação na cidade. O protesto terminou com um ato em frente à fábrica Mahle que, no mesmo período, demitiu 250 trabalhadores. O sindicato também ingressou com uma ação na Justiça contra essas demissões.

Na ocasião, o centro das falas dos dirigentes foi contra as demissões e contra a redução de salários e direitos. A luta em defesa do emprego e dos direitos vem se generalizando pelo país.

Em fevereiro, a Embraer se transformou num símbolo, ao demitir arbitrariamente 4.200 trabalhadores da noite para o dia. O fato deu origem a uma forte campanha nacional. Os trabalhadores, junto com o Sindicato de São José dos Campos e Região, filiado à Conlutas, estão desmascarando a empresa.
Ficou provado, e a própria Embraer admitiu, que a maioria de suas ações está em mãos estrangeiras. Além disso, os supostos prejuízos que a empresa alega foram frutos de especulações irresponsáveis, ou seja, os trabalhadores não têm nada a ver com isso.

Na Delphi, a situação é semelhante. Os operários esperam, agora, desmascarar a empresa, provar que não há prejuízos e recuperar seus empregos. É preciso que os operários de Minas se juntem à campanha nacional pela reestatização da Embraer e aos demais trabalhadores do país para exigir do governo Lula uma proteção aos seus empregos.

Existe uma forma de proteger os trabalhadores. Lula pode editar uma medida provisória que proíba as demissões em vez de dar mais isenções e dinheiro para as grandes empresas. A política do governo sequer conseguiu impedir que as demissões continuassem. As empresas que demitirem devem ser estatizadas, e os trabalhadores assumirem seu controle.

Post author Emmanuel Oliveira, de Paraisópolis (MG)
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