Nunca antes nesse país, como diria Lula, os bancos lucraram tanto como estão lucrando agora. Evento já tradicional sob o governo do PT, começou a temporada de anúncio dos lucros recordes dos principais bancos do país. As cifras astronômicas divulgadas com orgulho pelas instituições financeiras mostram que, no Brasil de Lula, os banqueiros são os que mais saem ganhando.

O Itaú anunciou lucro recorde de R$ 4.016 bilhões no primeiro semestre de 2007, um aumento de 35,8% em relação ao mesmo período do ano passado. O banco passou o Bradesco, cujo lucro foi de “apenas” R$ 4.007 bilhões, valor 27,9% superior ao mesmo período de 2006. Tal recorde viria principalmente do aumento do empréstimo para pessoas físicas, que teriam somado R$ 45 bilhões, representando um aumento de quase 33% em relação a 2006. Quase metade desses financiamentos seria utilizada para a compra de automóveis.

O aumento dos financiamentos aliado a uma extorsiva taxa de juros para o consumidor, garantem que o setor seja absurdamente lucrativo. Isso porque os bancos captam recursos a um custo baixo e oferecem o crédito a um juro alto. Essa diferença é o chamado spread. O Brasil tem um dos maiores spreads bancários do mundo. A taxa de inadimplência, uma das desculpas para os juros extorsivos, mantém-se estável sem que os juros ao consumidor caiam.

Segundo análise do próprio Banco Central, em 2006, os bancos pagaram em média 12,6% de juros ao ano aos depositantes, enquanto cobrou juros de 47,3% dos empréstimos. Um spread, ou lucro, de 34,7%.

Esta semana o Unibanco e o Banco do Brasil também divulgam seus resultados.

Taxas abusivas
Além dos juros, os bancos também lucram com as taxas abusivas. De acordo com estudo encomendado pela Folha de S. Paulo à consultora Austin Rating, os serviços bancários representaram nada menos que 17,7% da receita obtida pelos bancos em 2006. No ano de implementação do Plano Real, em 1994, os serviços representavam 6,5% das receitas bancárias.

Considerando apenas os 10 maiores bancos do país, esse valor chega a inacreditáveis 19,7%. Em 2006, a população pagou R$ 45,4 bilhões em tarifas, taxas e serviços aos bancos e suas subsidiárias. Além de aumentar o número de tarifas, os bancos aplicam um reajuste bem acima da inflação. Com isso, no ano passado, por exemplo, apenas a receita das tarifas cobriu 115% das despesas com folha de pagamento de funcionários. Ou seja, só com os recursos das taxas, os bancos pagam todos os salários e ainda obtêm lucro.

Enquanto isso, os bancários sofrem com arrocho salarial e uma brutal pressão para aumentar a produtividade, em muitos casos descambando para o assédio moral. Como se isso não bastasse, bancos como o Santander ameaçam impor milhares de demissões. O presidente da Austin Rating, Erivelto Rodrigues, resumiu ao jornal Estado de S. Paulo a situação dos banqueiros sob o governo Lula. “Dificilmente outro setor da economia apresentará um crescimento tão robusto como o apurado pelo setor bancário”, afirmou.