Os juros brasileiros são dos mais altos do mundo. Para as empresas, chegam a 56% ao ano, para o povo que utiliza cheque especial, supera 100%. Esses valores só perdem para Angola, onde atingem 88%. Nos EUA, é de 4%, em média, para empresas e de 1% para a população. Mesmo se compararmos com outros países, dominados pelo imperialismo, as taxas brasileiras são absurdas, comprovando o que os trabalhadores já sabem há muito tempo: os juros em nosso país são um assalto.

Mas por que o governo mantém os juros tão altos? Porque a economia está atrelada ao imperialismo e submetida aos grandes bancos, o que obriga o governo a ter de pagar as dívidas externa e interna religiosamente. Em 2003, o governo Lula pagou US$ 27 bilhões de amortizações (sem contar os juros) da dívida externa. Em 2004, está se propondo a pagar US$ 38,7 bilhões. Para obter esse dinheiro, tem que atrair capitais externos, que só virão se as taxas de juros forem atraentes, ou seja, altas.

Os juros altos são um excelente negócio para os grandes bancos. Não precisam fazer nenhum investimento e não correm riscos. Imagine a situação: um banco norte-americano faz um empréstimo em um país como os EUA, e aplica em títulos do governo brasileiro que paga de juros quatro a cinco vezes mais o valor do título.
Não é por acaso que os bancos têm exibido lucros recordes no governo Lula.

Quanto mais se paga, mais se deve. Que lógica é essa?

O problema é que esta dívida é impagável. Apesar do governo FHC ter enviado bilhões de dólares, a dívida cresceu.

Entre 1978 e 2002, o país recebeu em empréstimos US$ 527 bilhões, e pagou, entre juros e amortizações, US$ 685 bilhões. Ou seja, pagamos US$ 158 bilhões a mais do que recebemos.

Ainda assim, a dívida quintuplicou: passou de US$ 52,8 bilhões para US$ 229,2 bilhões. Com o governo Lula, aconteceu o mesmo: depois de pagar US$ 27 bilhões em 2003, a dívida aumentou para US$ 235 bilhões.

O outro motivo é a dívida interna. O governo também tem que manter os juros altos para atrair capitais e pagar a dívida interna aos grandes bancos. Hoje, esta dívida já é maior do que a externa, chegou a R$ 815,6 bilhões em fevereiro.

Juntando as dívidas interna e externa, o governo Lula pagou R$ 145 bilhões em 2003. Mesmo assim, a dívida aumentou de 55% para 58% do PIB. O governo ainda se propõe a pagar R$ 173 bilhões em 2004.

Os juros altos beneficiam diretamente os banqueiros, o setor mais parasitário do capitalismo. Para os trabalhadores, significam uma redução real dos salários, através do pagamento dos juros em empréstimos e prestações; além do desemprego causado pela falência das pequenas empresas.
Post author Eduardo Almeida, da redação
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