Marcado inicialmente para o dia 29 de dezembro de 2003, o julgamento dos acusados da tentativa de assassinato de André Ângelo Behle, o Andrezinho, militante do PSTU, foi adiado para o dia 18 de março de 2004, em Porto Alegre (RS). André foi atingido por três tiros em dezembro de 2001, quando encabeçava uma das chapas para o Sindicato dos Municipários de Porto Alegre (SIMPA). Entre os acusados, encontra-se César “Pureza“, então presidente do SIMPA, indiciado como mandante do crime.

Todos os que acreditam na democracia, na liberdade de organização sindical e que repudiam o método da violência gangsterista nas organizações sindicais têm o compromisso de estarem presentes no dia do julgamento.

Entenda o caso:

Em dezembro de 2001, quando se instalou o processo eleitoral do SIMPA, foram inscritas cinco chapas, uma das quais tinha o municipário Andrezinho como candidato a presidente. O processo eleitoral já começou estigmatizado pela marca da corrupção e da impunidade, pois o pleito anterior havia sido escandalosamente fraudado, a eleição anulada e a diretoria mantinha-se ilegitimamente no cargo. A chapa ligada a essa diretoria no 2º turno das eleições desistiu formalmente de concorrer e no dia marcado para a eleição, onde só havia a chapa de oposição, repentinamente surge na frente da sala da comissão eleitoral a Kombi do Sindicato com vários “capangas“ que roubam as urnas e cédulas, não sem antes distribuírem alguns tapas nos ativistas ali concentrados. O presidente do SIMPA, César Pureza, declara que a Kombi havia sido roubada e se mantém ilegitimamente no cargo até 2001. Com este histórico, o pleito de 2001 estava impregnado do espírito de desconfiança. Porém o que estava para acontecer surpreendeu a todos. O estatuto do sindicato, modificado também fraudulentamente por Pureza, determinava que o presidente era a única pessoa competente para homologar a inscrição de chapas e que para uma chapa ser homologada era necessário que tivesse em sua composição pelo menos um advogado, um contador formado e um jornalista também formado, e que todos fossem municipários. Mesmo sem atender a estas exigências Andrezinho tentou inscrever sua chapa. A inscrição foi acolhida sem nenhum incidente pela diretoria do SIMPA, porém não foi homologada. A decisão sobre a homologação ficou para três dias após o acolhimento da inscrição. Andrezinho não pôde contestar pessoalmente a não homologação de sua chapa. No dia seguinte ao acolhimento da inscrição, por volta das 6h30 da manhã quando saia para trabalhar Andrezinho foi covardemente tocaiado por três mascarados ocupantes de um veículo que utilizando uma pistola com silenciador desferiram-lhe três tiros, um atravessou-lhe o braço outro alojou-se na perna e um terceiro, que com certeza, tencionavam seus algozes fosse fatal, atravessou-lhe o pescoço.

André Ângelo Behle, ativista sindical é militante partidário de longa data e por isso mesmo acostumado, como todos nós que fazemos parte deste meio, a discussões acaloradas, a disputas acirradas, mas jamais imaginou, no entanto, que sua vida poderia mudar completamente em uma manhã normal ao se encaminhar para o trabalho! E sua vida mudou muito, ele passou quase um mês internado em dois hospitais, teve que ter sua vida vigiada, pois sua família começou a ser ameaçada. Os tiros prenderam-no a sessões de fisioterapia até hoje e sua voz sofreu alterações, ele teve que mudar de casa, tudo por que como todos nós sindicalistas acredita em suas idéias e na liberdade sindical e tão somente queria o direito de representar legitimamente os trabalhadores de sua categoria.

Em dezembro de 2002, um ano após o atentado, depois de uma exaustiva investigação, foram presos em um sítio no município de Palmares do Sul, os principais suspeitos de terem cometido o atentado, César Pureza entre eles. Em sua posse foram encontradas em torno de oito armas, silenciadores, um processo da Justiça Estadual que foi roubado do fórum, movido em função da eleição fraudada de 1998, as cédulas e urnas desta eleição e mais dois processos trabalhistas também subtraídos da Justiça do Trabalho.