O governador de São Paulo, José Serra (PSDB), pretende retomar algo que os tucanos sempre fizeram muito bem: as famigeradas privatizações que tanto alegraram o capital estrangeiro.

No final de setembro, o governador abriu processo de licitação para verificar o valor de mercado de 18 empresas do patrimônio de São Paulo. Entre elas, o Metrô, a Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo (CDHU) e o banco Nossa Caixa.

Também fazem parte da lista de privatizações a Companhia Energética de São Paulo (Cesp), a Companhia de Saneamento Básico de São Paulo (Sabesp), a Desenvolvimento Rodoviário (Dersa) e o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT). Cálculos divulgados pelo jornal Valor Econômico indicam que as empresas poderiam valer mais de R$ 30 bilhões. Parece que apenas o Palácio dos Bandeirantes ficou de fora.

Se retomado, o atual plano de privatizações será o maior já realizado desde o início do chamado Programa Estadual de Privatizações, realizado nos anos 1990, durante o governo Mário Covas e FHC, à frente respectivamente dos governos estadual e federal.

De 1996 a 2006, os governos tucanos de São Paulo venderam cerca de R$ 37,7 bilhões em termos nominais. Em valores reais, seria o equivalente a mais de R$ 77,5 bilhões de acordo com o IGP-DI. Cadê esse dinheiro? Ninguém sabe, ninguém viu.

Em 1997, os tucanos iniciaram o processo de privatização com a transferência para a União da Estações Ferroviárias do Estado de São Paulo (Fepasa) e da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais (Ceagesp), a alienação de participação da Sabesp e Eletropaulo.

“Desenvolvimentista”
A máscara de “desenvolvimentista” de Serra, adotada durante a última campanha eleitoral, veio ao chão assim que terminou o pleito. Mal assumiu, Serra anunciou que lançaria, ainda este ano, um pacote de privatização de quatro grandes rodovias estaduais – Ayrton Senna/Carvalho Pinto, D. Pedro I, Tamoios e parte da Raposo Tavares, na região de Presidente Prudente. Privatizar, privatizar, privatizar! Parece até crise de abstinência.

Por outro lado, uma retomada das privatizações nessa escala não será tarefa fácil. Serra terá de enfrentar diretamente os trabalhadores e sua organização. Em maio, o governo foi abalado pela ocupação da reitoria da USP e, desde então, reage violentamente contra todo tipo de mobilização: demissão em metroviários, repressão aos estudantes, entre outros ataques para recuperar o terreno perdido.

A consciência contra as privatizações ampliou-se entre grandes parcelas da massa. Agora, se quiser entregar nosso patrimônio, vai ter guerra.