Acompanhe os mais recentes acontecimentos no Haiti e as agressões das tropas brasileiras contra o povo haitiano.15 de junho, segunda-feira: A Minustah lançou uma granada fragmentária na Universidade Estadual do Haiti, precisamente na Escola de Treinamento de Professores, “École Normale Supérieure” (ENS) em francês. Pelo menos dois estudantes ficaram feridos.

16 de junho, terça-feira: A Minustah prendeu várias pessoas no Champ-de-Mars (Praça dos Heróis da Independência), pois essas pessoas gritaram contra as tropas que estavam tentando penetrar na Faculdade de Etnologia.

No mesmo dia 16 de junho, os soldados prenderam três jovens moradores de rua. São jovens sobrevivendo de lavagem de carro numa praça próxima à faculdade. Os soldados acusam-nos de alertar os estudantes a fim de se esconderem toda vez que se aproximam as tropas.

Os orifícios furados pelas balas são ainda visíveis no prédio da Faculdade de Etnologia. Artigo 34 da Constituição haitiana (de 1987): “Menos nos casos de delitos flagrantes, o campus das entidades de ensinamento é inviolável. Nenhuma força de ordem pode penetrar lá sem o acordo das diretorias daquelas entidades”.

17 de junho, quarta-feira: As tropas usaram de balas e gás lacrimogêneos para dispersarem uma passeata dos estudantes. Dois estudantes (Leroy e Israel) ficaram feridos.

No mesmo dia 17, alguns jornalistas foram ameaçados por parte da Minustah que os impede de acompanhar com reportagens as manifestações estudantis. Alguns foram atacados com gás lacrimogêneo no momento que estavam exercendo a sua profissão.

Outro evento no mesmo dia 17 de junho. Um jornalista foi ferido pela Minustah no momento em que os estudantes da Faculdade de Medicina estavam reclamando contra a presença das tropas.

Na feira Salomon (Mache Salomon, em crioulo), os soldados brasileiros prenderam 20 jovens. Sem nenhuma razão nem explicação.

18 de junho, quinta-feira: Na catedral de Port-au-Prince (Porto Príncipe, a capital do Haiti) houve o enterro do Padre Gérard Jean-Juste, personagem muito conhecido no Haiti e no mundo. Durante o evento, a Minustah, precisamente 4 soldados brasileiros, se aproximaram da catedral onde uma multidão de simpatizantes estava lamentando a perda do seu mentor.

Um grupo foi falar com os soldados para lhes explicar que a presença de tropas de ocupação não era bem-vida numa circunstância como aquela. Os soldados brasileiros se exasperaram e acabaram dispararando sobre a multidão.

Um dos jovens que receberam balas, morreu instantaneamente. Pelo menos duas televisões filmaram o ato que foi retransmitido ao vivo.

Um jornalista da Televisão estadual (TNH) que assistiu aos tiros foi procurar a Cruz Vermelha. Mas, não houve tempo para socorrer o jovem.

Este jornalista deu uma entrevista a uma rádio (Radio Métropole) explicando como foi o acontecimento. Agora, ele está sendo perseguido. Sophie Bouteaud de la Combe, porta-voz da Minustah, ordenou ao diretor da televisão que demitisse este jornalista. A culpa dele é ter testemunhando o esforço dele tentando salvar o jovem assassinado pelos soldados brasileiros.

18 de junho, quinta-feira: Quadros civis da Minustah abandonaram na Rua da Réunion (Rue de la Réunion) um carro 4×4 Nissan Patrol branco distinguido pelas letras UN (United Nations – Nações Unidas), deixando as portas abertas. Alguns minutos depois, o carro explodiu ferindo alguns passantes.

19 de junho, sexta-feira: Estudantes da Faculdade de Medicina foram atacados com gás lacrimogêneos por até 21 horas. Mesmo o campo de futebol situado a alguns metros mais longe, foi perturbado no momento duma partida entre o Haiti e Panamá.

Outras informações:

a- A Minustah continua atacando o Hospital da Universidade Estadual do Haiti (HUEH) com gás lacrimogêneo, incomodando pacientes e médicos. O hospital dos mais pobres (HUEH) e a Faculdade de Medicina são um ao lado da outra.

b- Desde quinta-feira (18/06), as mídias esquecem o assassinato do jovem na ocasião do enterro do padre Jean-Juste.

c- O jornalista que foi baleado trabalha pela Radio Galaxie. Seu caso é escondido.

d- Os acontecimentos acima relatados se iniciaram na segunda-feira (01/06), quando os estudantes da Faculdade de Ciências Humanas (FASCH, em francês) da Universidade estadual de Haiti (UEH) fizeram uma passeata na Avenida Christophe para chamar a atenção do presidente René Préval sobre as suas obrigações legais de cumprir a nova lei adotada (desde 5 de maio) pela Câmara dos Deputados e o Senado reajustando o salário mínimo de 70 para 200 gourdes (42 gourdas=1 dolar).

A Associação dos Industriais Haitianos (ADIH), no dia 13 de maio, promoveu uma conferência colocando claramente que está pronta para fazer tudo a fim de impedir a publicação desta lei no jornal oficial do Estado. No mesmo momento, os industriais mandaram os parlamentares voltar atrás com seu voto. É isso mesmo que estão fazendo nesta quarta-feira (24/06).