John Reed
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O norte-americano John Reed, um dos jornalistas de maior fama do século XX, nasceu em Portland, em 22 de outubro de 1887 e morreu em Moscou, no dia 19 do mesmo mês, três dias antes de completar 33 anos, apenas um ano após publicar seu livro mais célebre que com propriedade intitulou Dez dias que abalaram o mundo. Uma notável reportagem a respeito de como se instalou na então Rússia o primeiro regime socialista do planeta.

Correspondente na Primeira Guerra Mundial, iniciada em 1914, Reed chegou à Rússia em 1917, onde foi testemunha dos acontecimentos que antecederam à tomada do poder pelos bolcheviques e da própria Revolução de Outubro. Dez dias… foi editado pela primeira vez nos Estados Unidos e levou um prefácio de Lênin, enquanto na publicação em russo o prólogo é de Nadezda Krupskaya, esposa do líder máximo da revolução socialista e ao mesmo tempo comissária (ministra) de cultura.

O magistral texto permanece até hoje como um exemplo para a profissão jornalística. No prólogo, o autor aponta: “Durante a luta, minhas simpatias não eram neutras. Mas ao traçar a história destas grandes jornadas, tentei estudar os acontecimentos como um cronista que se esforça por refletir a verdade”. Ele ainda agrega: “Este livro é um fragmento da história tal como eu a vi. Só pretende ser um relato detalhado da Revolução de Outubro, isto é, daquelas jornadas em que os bolcheviques à cabeça dos operários e soldados de Rússia, tomaram o Estado e o puseram nas mãos dos sovietes”.

No prefácio da edição norte-americana, Vladimir Ilich Lênin escreveu: “Do fundo do meu coração, recomendo aos operários de todos os países. Desejaria que este livro circulasse por milhões de exemplares e que fosse traduzido para todas as línguas, porque traça um quadro exato e extraordinariamente vivo de acontecimentos que tão grande importância tiveram para o entendimento da revolução proletária”. Por sua vez, Kruspskaya assinalou: “O livro de John Reed oferece um quadro global da insurreição das massas populares tal como realmente se produziu (…) Em seu gênero, o livro de Reed é uma epopéia”. Ela ainda assinala: “Não costumam escrever assim os estrangeiros sobre a Rússia Soviética. Ou não entendem os acontecimentos ou generalizam os fatos isolados. A verdade é que nenhum deles foi uma testemunha pessoal da revolução”.

Bom poeta e contista reputado, Reed brilhou mesmo no jornalismo. Nesta área, como confirmam seus trabalhos e como ele mesmo proclama, não foi neutro, mas se ateve ao princípio básico do ofício, que é refletir a realidade mediante uma investigação científica – no sentido da objetividade – para a análise das origens e perspectivas dos acontecimentos. Max Eastman, co-editor da revista The Masses, na qual trabalhou Reed, afirmou numa homenagem em sua memória: “Reed conhecia o frio tom da voz do cientista que vê as coisas como são. Foi um poeta que entendeu a ciência, um idealista capaz de se enfrentar com os fatos. Localizou-se entre os melhores da profissão de jornalismo nos Estados Unidos”.

Aos 24 anos, Reed foi ao México onde reportou a Revolução Mexicana de 1911 a 1914. Essa experiência rendeu o seu livro México Insurgente, onde narra suas vivências com as tropas do general Pancho Villa. Anos depois, essas reportagens serviriam de base para um filme de Hollywood com o mesmo nome. Outros filmes, como Reds e Sinos Vermelhos aludem da mesma forma a vida de Reed. Seu trabalho informativo na Primeira Guerra encontra-se em sua obra A guerra na Europa oriental, de 19l6.

No plano ideológico, Reed optou pelo marxismo e foi um dos fundadores do Partido Comunista dos Estados Unidos e depois membro do Comitê Executivo da Terceira Internacional, razão pela qual se encontrava em Moscou quando foi atacado por uma epidemia de tifo que o matou. Incorporado às batalhas sociais, ele foi julgado e encarcerado no seu regresso aos EUA depois de voltar da Rússia Soviética. O governo daquele país aplicou a Lei de Espionagem, mas Reed não foi condenado.

*Fonte: www.argenpress.info

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