Joel de Oliveira Damazio, 40 anos, faleceu na noite de sábado, dia 28, vítima de um acidente de trânsito. Ele voltava de uma festa de aniversário com sua família e amigos quando a lotação em que estava atingiu um buraco na estrada. Joel foi atirado para fora do veículo e não resistiu aos ferimentos, para desespero dos que estavam com ele.

Militante do PSTU, Joel era operário eletricitário e enfrentou a burocracia sindical e os planos de privatização que entregaram a Eletropaulo à iniciativa privada. Por sua luta, conquistou de seus companheiros de trabalho.

Eu o conheci bem neste último período, quando militamos juntos. A imagem que me deixa é de um trabalhador solidário, extremamente preocupado com sua classe. Para ele, o indispensável era lutar. Isso sintetiza o que foi nosso camarada. Alguém que sabia que só assim seria possível triunfar. Alguém preocupado e atento a todos os conflitos com a burguesia. Consciente da necessidade de intervir em cada um deles e da importância de conquistar mais e mais operários para o trotskismo. Dizia que cada um que vinha para o partido era um passo no caminho da revolução. Dizia que a classe operária tinha que se reconhecer a si mesma, se perceber como parte de um todo, que essa consciência era fundamental para enfrentar o inimigo.

A síntese que fazia do legado de Nahuel Moreno era a sua grande solidariedade de classe. Sua força na luta vinha da vontade de transformar essa sociedade corrupta, onde impera a falta de valores e a desumanidade e o consumismo. Contra isso, Joel dizia que era preciso sempre ser cada dia mais solidários e menos individualistas.
Ele mesmo sentiu os efeitos dessa sociedade desumana, quando perdeu o seu próprio irmão por ser homossexual. Foi uma experiência que o marcou fortemente e que deixou nele uma preocupação constante com a luta contra o preconceito e contra a opressão.

Sua casa era um ninho de alegria e companheirismo. De uma hospitalidade solidária. Assim lembrarão dele, todos os que passaram por lá. No dia 11 de novembro ele completou 40 anos e deu uma grande festa em casa. Uma alegria que contagiava a todos que estiveram lá.

Nosso querido companheiro fazia jus ao termo camarada. Camarada não com a sisudez que muitos enxergam a palavra, mas sim da forma fraternal, firme e carinhosa com que os brasileiros se tratam. Camarada é alguém que você pode contar, alguém que vai estar com você, ao lado na luta, e também alguém que transmite companheirismo e compartilha uma amizade. Neste sentido, Joel foi um grande camarada.

Como gostava de dizer, era um “peaozão”, que expressava na vida a importância de aprender, e de escutar os outros operários. Considerava que o melhor que tinha acontecido nestes últimos anos foi ter conhecido o partido e seus camaradas.

Que ali tinha aprendido a importância de uma organização política, para fazer frente às permanentes pressões. Tinha o método dos operários na luta. Dizia: o partido nos educa, nos organiza e sobretudo nos ensina. Sua preocupação com a teoria, citava alguns livros que o tinham marcado: o partido e a revolução (Morenaço) e o “Reformismo quase sem reformas”, de Valério Arcary, que tinha lido três vezes.

Sua última preocupação, como de todos nós, foi com o Pinheirinho. Em nossa última reunião, ele chegou com o jornal com as notícias da invasão e procurou entender o ataque como parte da situação política atual, da relação de forças. Discutia as respostas a ser dadas. Dizia que era preciso buscar solidariedade, que todos tinham de ser Pinheirinho, que se atingem um de nossa classe, nos atingem a todos.

Compartilhamos da enorme dor de sua família, de sua companheira Ângela, e de seus dois filhos. Estamos juntos nesse momento de perda e nos colocamos a disposição para o que for necessário. Joel faleceu com o bottom do partido no peito. Ele foi enterrado na tarde desta segunda-feira, 30, no Cemitério da Paz, em Vargem Grande Paulista (SP). Em seu caixão, a bandeira do PSTU, como sua esposa diz que ele teria gostado.

Camarada Joel, até o socialismo sempre, com a certeza de que nos passos que daremos, você estará ao nosso lado. Camarada Joel, PRESENTE!