Cai a primeira cabeça do mais recente escândalo de corrupção que atingiu o Congresso e, especificamente, o Senado. O senador e ex-governador Joaquim Roriz (PMDB-DF) renunciou ao mandato que possuía até 2015 logo após a mesa do Conselho de Ética ter anunciado que abriria processo por quebra de decoro parlamentar. Roriz torna-se, assim, o quarto senador da história a renunciar para escapar da cassação, sendo o que menos permaneceu no cargo.

Joaquim Roriz foi flagrado numa gravação telefônica interceptada pela Polícia Civil do Distrito Federal combinando a divisão de R$ 2,23 milhões num escritório de Brasília. A conversa foi gravada em 13 de março e mostra o senador combinando a partilha do dinheiro com o ex-presidente do Banco de Brasília, Tarcísio Franklin de Moura, preso pela polícia durante a chamada Operação Aquarela.

A operação investiga o desvio de R$ 50 milhões do Banco de Brasília. O senador do Distrito Federal afirmou que o dinheiro havia sido um empréstimo de R$ 300 mil concedido pelo dono da companhia aérea Gol, Nenê Constantino, para o parlamentar comprar um embrião de uma bezerra. A diferença para os R$ 2,23 milhões seria devolvida como “troco” para o dono da Gol.

A explicação absurda desmoralizou ainda mais o já combalido Congresso, pegando carona no pretexto de Renan Calheiros para explicar suas falcatruas, ou seja, os supostos investimentos em gado. A renúncia de Roriz, apesar de ter tranqüilizado os senadores por poupar mais alguns dias de maior desgaste para a instituição, complica a vida de Calheiros, que passa a ser novamente o único investigado.

Suplente também sob suspeita
Enquanto analisava as opções para salvar seus direitos políticos, Roriz cogitou a hipótese de uma renúncia coletiva, ou seja, propor que seus suplentes também renunciassem. Isso obrigaria a abertura de novas eleições para senador no Distrito Federal. No entanto, o suplente do senador, Gim Argello (PTB), não foi encontrado e tem até 90 dias para decidir se assume ou não o lugar de Roriz.

No entanto, Gim, que é presidente regional do PTB, enfrenta as mesmas acusações que recaem sobre Roriz na Operação Aquarela. Como se isso não bastasse, o suplente também é investigado pelo Ministério Público por ter recebido vantagens na regularização de um condomínio. Argello teria ainda cometido uma série de irregularidades na Câmara Legislativa do DF, quando presidia a Casa, onde teria causado um prejuízo de R$ 1,7 milhão. Ao todo, o suplente responde a seis processos ou inquéritos civis e criminais.

Impunidade
Apesar de ter renunciado, Joaquim Roriz permanece com seus direitos políticos e fica livre para se candidatar novamente. Todos os senadores que já renunciaram – o moribundo Antônio Carlos Magalhães (DEM), José Roberto Arruda (PSDB) e Jader Barbalho (PMDB), que deixaram o mandato em 2001 – retornaram depois impunes à vida pública.

Já Joaquim Roriz permanece impune não só por seus crimes cometidos enquanto senador. Quando governou o Distrito Federal, Roriz aplicou uma política de brutal repressão ao movimento sindical e social, que causou o assassinato do servidor público e militante do PSTU Gildo Rocha, em outubro de 2000. Gildo participava de um piquete com outros servidores durante uma greve em Brasília quando foi reprimido e morto a tiros pela Polícia Civil, que agia a mando do então governador.

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