Leia ao lado trecho da entrevista do sociólogo norte-americano, de grande importância por sua militância ao lado dos movimentos sociais na América Latina, publicada no site ArgenpressVocê escreveu certa vez que os Fóruns Sociais são inconseqüentes, porque as decisões do imperialismo europeu ou norte-americano se resolvem nos campos de batalha, como no Iraque, na Colômbia e na Palestina. Até que ponto lhe parecem importantes os Fóruns Sociais?

No primeiro momento, os Fóruns Sociais foram positivos: reunir, discutir, encontrar-se, formar redes, aprovar alguma declaração, mas passaram a ser quase rituais, como um encontro social, onde as pessoas se juntam, convidam alguns personagens, realizam uma marcha e todos “vão para casa”. Creio que já perderam o fio de rebelião, de crítica. Analisando de maneira retrospectiva, não tiveram nenhum efeito. Por exemplo, um levante na Bolívia derruba um governo neoliberal, um governo direitista no Equador cai com a pressão dos indígenas. E que fizeram os Fóruns? Efetivamente, que leis mudaram? Que governos derrubaram?

Lucio Gutierrez (presidente do Equador) e Lula com suas condutas de cumplicidade com o neoliberalismo são empecilhos para os movimentos populares que emergem na América Latina?

Gutierrez nunca teve história na luta de classes, só por acidente da história se envolveu no levantamento indígena (…) E Lula, e teve 23 anos fora das fábricas e alguns continuam se referindo a ele como um metalúrgico. Não participou de nenhuma greve desde 1980. As pessoas vivem com nostalgia, com imagens do passado, em vez de analisar a trajetória de Lula, primeiro, como reformista, depois, como social-democrata, logo, como social-liberal, mais tarde pactuando com o FMI, com Washington, com os partidos liberais e pentecostais.

Por isso, não me surpreende que ele fale a favor de Bush, envie tropas para ocupar Haiti, não puna aos esquadrões da morte que matam lutadores nos bairros pobres.

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