Em depoimento concedido no início dos debates, o sociólogo e professor norte-americano James Petras destacou a importância da criação da Conlutas, diante do crescente descontentamento com o governo Lula, e o papel que ela pode cumprir na reorganização dos trabalhadores.

“Não tenho claro a como os presentes estão recebendo o debate, mas acredito que o número de participantes é bom e que há a defesa de uma linha clara, classista. Há também muita sensação de solidariedade e creio que o encontro está apontando em direção a uma colaboração entre os diferentes setores. Há um bom ambiente entre o PSTU e outros setores participantes da Conlutas.
Acredito que a Conlutas é muito importante. A grande maioria das pessoas que estão descontentes com Lula não estão preparados para saudar um partido revolucionário, apenas uma pequena porcentagem tem essa disposição. O que é importante que exista uma organização de luta cotidiana, sob uma unificação concreta, que pode criar uma rede de militantes que, com o tempo, poderá politizar, radicalizar e entrar em relação com a luta de um partido revolucionário.
Mas, a Conlutas só terá êxito caso possa solucionar problemas concretos, encaminhando as reivindicações por emprego e salários, por exemplo. Não vai funcionar se ficar apenas em meros pronunciamentos radicais. O que é importante é que se mostre aos trabalhadores que as organizações e os sindicatos filiados à Conlutas estão à altura de conquistar vitórias em relação a melhorias salariais e à seguridade social, por exemplo. Isto é o ponto chave, muito mais importante, neste momento, do que elaborar programas e planos de luta.
Acredito, ainda, que a melhor propaganda para aglutinar e coordenar todos os movimentos sociais que a Conlutas quer abarcar — sindical, popular e estudantil — está baseia-se em duas coisas: um inimigo comum e a possibilidade de mostrar aos grupos que estão observando o processo que, associando-se à Conlutas, se pode ganhar e melhorar a vida.
Milhões de trabalhadores estão descontentes com Lula e estão de olho, tanto na CUT como na Conlutas, e vão comparar suas práticas: na CUT, submeter-se, na Conlutas organizarmos para ganhar. Pequenas vitórias criam grandes movimentos”
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