Militantes são atacados por grupo em manifestação e sofrem novas ameaças de morteAs ameaças de mortes e repressão que vem sofrendo os militantes do PSTU e diretores do sindicato dos rodoviários do Amapá ganharam uma outra dimensão e gravidade nesta semana. Vários militantes do PSTU foram agredidos fisicamente no dia 13 de setembro, na solenidade pelo aniversário do Amapá, quando realizavam uma manifestação contra o acordão no Congresso Nacional e contra o governador Waldez Góes (PDT), que recentemente aprovou na Assembléia Legislativa a reforma da Previdência, aumentando os descontos dos servidores em mais de 40%.

O protesto no sambódromo, onde acontecia o desfile cívico-militar, durou muito pouco. Bastou iniciar as denúncias no carro de som que um provocador apareceu e interrompeu o orador, gritando e parando o discurso. Após um início de discussão, começaram as agressões. Um grupo com aproximadamente 15 pessoas saiu do meio da multidão e atacou os manifestantes, espancando todos os que estavam no protesto, inclusive as mulheres. A faixa do PSTU, com os dizeres “Fora todos!” foi toda rasgada e os madeiras foram aproveitadas para atacar os militantes. Ao verem o que acontecia, a população ficou ao lado dos manifestantes e várias pessoas gritavam e chamavam os agressores de covardes. Uma pessoa disse “não se pode falar desse governo que isso acontece”.

A Polícia Militar apareceu mas recusava-se a prender os agressores. Diante da pressão dos populares, os policias acabaram detendo o líder da gangue do governador Waldez, que na delegacia se identificou como sendo Edson Carlos da Cunha. Em seguida apareceu uma pessoa para soltá-lo, que se identificou sendo chefe do gabinete da Secretaria Estadual de Segurança, e acabou levando da delegacia o bandido.

Esse fato deixa claro que tais agressores são ligados ao governador Waldez Góes e agiram para impedir que o protesto acontecesse. Com este governo, o Amapá a cada dia fica mais parecido com uma ditadura militar.

‘Matar um de vocês é a mesma coisa que matar um cachorro´
Como se não bastassem as agressões, no dia seguinte, os jagunços do governador voltaram a agir. No dia 14, pela manhã, acontecia uma manifestação pelo fim da enrolação da Justiça e o julgamento do dissídio coletivo dos rodoviários, em frente ao local onde a audiência de conciliação era realizada. A diretora do sindicato Liduina Bastos, que é companheira do presidente do sindicato e já sofreu duas ameaças de morte, ao se deslocar a poucos metros do local foi abordada por duas pessoas numa motocicleta. Os dois estavam de capacete, e o que estava na garupa bateu no braço de Liduina e disse: “Avisa para a tua turma que para nós matar um de vocês é a mesma coisa que matar um cachorro”. Não é a primeira ameaça contra a vida dos ativistas, que já tem até preço. Jagunços que atuam nas empresas de ônibus falam abertamente que matariam qualquer um deles por cinco mil reais.

Os dois episódios ocorreram depois de uma intensa semana de mobilizações contra as demissões na empresa Amazontur e pelo pagamento do salário nas empresas Viação Amapaense e Cidade de Macapá. A decisão sobre a campanha salarial da categoria vem sendo adiada há quatro meses pela justiça e desde junho os empresários de ônibus cortaram o repasse da mensalidade sindical do sindicato.

Intensificar a campanha
Todas as agressões e ameaças de morte já foram devidamente registradas e só vem comprovar que existe uma aliança entre o Estado e os patrões de ônibus que não medem forcas para dizimar os militantes do PSTU e os diretores do sindicato dos rodoviários.

Várias denúncias já foram feitas em Brasília, junto ao Ministério da Justiça e no programa de proteção aos defensores do direitos humanos, mas até agora nada foi feito. A denúncia também foi feita na secretaria de Segurança Pública do Estado, em vão.

Diante da gravidade dos fatos e do isolamento político do Estado, os dirigentes sindicais estão intensificando a campanha por sua integridade física. Procuraram a Comissão de Direitos Humanos da OAB/AP, o Ministério Publico Estadual e o Federal e a Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa, onde os ataques foram denunciados pelo deputado estadual Randolfhe Rodrigues (PT). Os ativistas foram recebidos pelo bispo do Estado, Dom Pedro Conie, que se comprometeu em envolver as pastorais da Igreja Católica para tornar cada vez mais público as ameaças e agressões. O Sindicato também está construindo, da forma mais ampla e democrática possível, um fórum em defesa da vida dos ativistas no Estado.

É muito importante o envio de moções exigindo a integridade física dos militantes do PSTU e dirigentes do sindicato e responsabilizando o governador pelo último acontecimento.

  • irmãos lá do Amapá”