O Opinião entrevistou Sérgio Pires, um dos coordenadores do Pinheirinho, que falou sobre a situação atual das famílias e quais as perspectivas do movimentoQual é a situação dos moradores hoje? O que o governo e a prefeitura estão fazendo?

Algumas pessoas que tentavam, no Poliesportivo, aquela tenda armada em frente [ao Pinheirinho], fazer o cadastro, a triagem, não conseguiam, porque chagava lá e levava bala de borracha, bomba, saía correndo cada um para um lado. Inclusive, hoje, por causa dessa bolsa-aluguel, falam: ‘mas você não fez o cadastramento no Poliesportivo’. Mas fazer como? Não podia chegar lá. Chegava e era recebido a bala de borracha.

Que ações o movimento está programando?

Primeiro, estamos brigando ainda por essa bolsa-aluguel, realmente, porque as famílias têm que sair desses alojamentos. Isso não é vida pra ninguém. Agora, nós ainda estamos pedindo a desapropriação do Pinheirinho. Queremos a desapropriação do Pinheirinho, mesmo porque a gente não acredita nas casas que foram prometidas. Nesse momento, a Prefeitura vai prometer tudo, porque ela quer esvaziar os alojamentos, porque tem escola que vai começar aulas. Eles já falam em levar pessoas que sobraram para albergues. O próprio movimento não concorda com isso. Albergue vai todo tipo de gente. Pode uma criança ou uma jovem ser estuprada num albergue. A gente quer saber quem vai se responsabilizar por isso. É a Prefeitura? Ela não vai. Vamos tentar encaminhar todas as pessoas que moravam no Pinheirinho para a sua bolsa-aluguel, não desistindo do Pinheirinho, da liminar. Tanto que, todos os sábados, vai continuar tendo assembleia lá no Campão, que é onde começou o Pinheirinho, quando saíram das casinhas, que fica aqui no Campo dos Alemães. A gente está reorganizando esse povo e passando sempre os passos dos movimentos para que essas pessoas não se dispersem. Não acreditamos que essa bolsa-aluguel vai ser paga e que vai ser cumprido aquilo que é prometido. Em outros movimentos, mesmo no Estado de São Paulo, a gente sabe que foram pagas uma, duas, três parcelas no máximo e depois não pagaram mais. Não queremos que aconteça aqui. Não podemos deixar esse povo se desorganizar. Se isso acontecer, nós vamos ter que ir de novo pra luta, organizar, ocupar.