A mais recente operação da Polícia Federal, intitulada Operação Xeque-Mate, lançou suspeita sobre o irmão de Lula. Segundo as investigações, Genival Inácio da Silva, conhecido como Vavá, utilizava seu parentesco com o presidente para beneficiar empresários de jogos. Uma escuta telefônica instalada na casa de Vavá prova que o aposentado utilizava o nome de Lula para intermediar negócios entre empresários ligados à exploração de jogos e o governo.

A ação da polícia pretendia atingir uma quadrilha que vendia e explorava máquinas caça-níqueis. Foram presas na operação 80 pessoas. Dessas, 67 continuam detidas. Uma busca realizada na casa de Vavá em São Bernardo do Campo e uma escuta telefônica apontam a tentativa do irmão de Lula fazer lobby em favor de empresários. Vavá foi indiciado por “tráfico de influência” e “exploração de prestígio no Judiciário”.

Mais uma vez,
Lula não sabia?

Ao que tudo indica, Vavá não tinha muito trânsito em Brasília, utilizando seu parentesco para aproximar os empresários dos jogos e funcionários públicos, ganhando modestos pagamentos de R$ 3 mil. Seus contatos do Executivo e do Judiciário serviriam para garantir liminares favoráveis a seus clientes. No entanto, o que complica mais Lula é a prisão do petista Dario Morelli na operação. Morelli é amigo íntimo do presidente e era assessor da prefeitura de Diadema até ser preso.

Morelli é próximo ainda a José Dirceu, para quem foi segurança na campanha de 94. O petista fazia serviços para Lula como, por exemplo, registrar um boletim de ocorrência sobre o roubo do celular de sua esposa, Marisa. O petista e Vavá são amigos do empresário e ex-deputado estadual do Paraná, Nilton Cezar Servo, apontado pelas investigações como o chefe da quadrilha do caça-níquel.

Em gravação captada pela Polícia entre Vavá e Servo, o empresário pergunta-lhe se havia falado com Lula. O irmão do presidente responde que sim e revela o conteúdo do diálogo: “falei pra ele sobre o negócio das máquinas lá. Ele disse que só precisa andar mais rápido, né, bicho”.

Crise das instituições
A nova onda de operações e o envolvimento de políticos da base governista e da oposição, assim como membros do executivo e legislativo de forma indiscriminada, indicam mais do que a podridão sobre a qual se assenta a democracia burguesa. Indicam um acirramento político entre setores da Polícia Federal e o governo. Uma crise que pode ser imprevisível, revelando bem mais que se poderia revelar.