Ato em Bagdá

Governo iraquiano aceitou permanência de forças da ocupação até 2011. Votação no parlamento pode ocorrer nesta segundaCerca de 10 mil iraquianos marcharam nesta sexta-feira, dia 21 de novembro, contra o acordo de segurança assinado pelo governo fantoche iraquiano com os EUA, permitindo que as tropas de ocupação permaneçam por mais três anos no país.

Os manifestantes reunirem-se na Praça Firdos, em Bagdá, onde foram levantadas as bandeiras do Iraque. Eles cantaram palavras de ordem pedindo “Fora as tropas invasoras” e denunciando que “o acordo de segurança é uma humilhação e uma vergonha”. Após queimarem um boneco que representa Bush, os manifestantes cantaram palavras de ordem pela “morte” do atual presidente dos EUA. A manifestação teve início e tomou as ruas da capital, sob os olhares dos atiradores do exército iraquiano, os manifestantes repetiam “não ao acordo”.

Ainda na praça, um representante leu uma mensagem do líder xiita Moktada Al Sadr, onde disse que ele apoia os manifestantes em seu desejo de expulsar o ocupante e seu repúdio ao acordo vergonhoso. Al Sadr é um clérigo xiita, filho de um famoso aiatolá assassinado por Saddam Hussein. Ele dirige o Exército de Mehdi e tem tido enfrentamentos armados com as forças invasoras desde setembro de 2004, quando resistiu por 20 dias a cerca de 4 mil soldados dos EUA, em uma mesquita em Najaf, ao sul do país.

ACORDO
O governo iraquiano, do primeiro-ministro Nuri Kamal al-Maliki, aprovou no dia 16 de novembro um acordo de segurança com os EUA, negociado durante meses. O acordo prevê uma redução das tropas norte-americanas no país, mas permite que estas continuem no país até 2011.

Com a aprovação no governo, agora espera-se a votação pelo parlamento, que pode ocorrer nesta segunda-feira, dia 24. Mesmo no parlamento, há resistência. Os seguidores de Al Sadr rejeitaram o acordo na sua totalidade e alguns deputados chegaram até a participar da passeata. Outros blocos do parlamento têm restrições sobre alguns detalhes. Há polêmica sobre itens como a imunidade aos soldados invasores, reivindicada pelos EUA. Isso permitiria que crimes, assassinatos ou torturas como as cometidas na prisão de Abu Graib ficassem impunes.

Os EUA invadiram o Iraque e agora não sabem como sair desta crise. Estão apostando num governo pró-imperialista enfraquecido e sem apoio popular, e hoje, inviabilizada a possibilidade de uma vitória militar, apostam num acordo para tentar uma retirada parcial e transferir a responsabilidade em gerir seus interesses para esse governo iraquiano fantoche. Obama, mesmo tendo recebido os votos dos norte-americanos que desejam o fim da ocupação, ainda não deu sinais de que deixará o país. Ele inclusive enviou uma mensagem ao governo iraquiano de que irá “respeitar” os acordos firmados pelo atual ocupante da Casa Branca. Ou seja, irá manter as tropas até 2011.

O povo iraquiano na sua luta e resistência heróica é o principal obstáculo para os planos imperialistas no país e contra as negociações espúrias que comprometem o futuro e a independência do país. Com essa manifestação, o povo iraquiano demonstrou seu repúdio à presença militar dos invasores e seu protesto contra o governo fantoche e demonstrou hoje mais uma vez, que continuará na luta pela libertação do Iraque e pela autodeterminação.