Manifestação convocada pelo xiita Moqtada Al Sadr para pedir saída norte-americana reúne 600 milMilhares de iraquianos tomaram às ruas de Najaf contra a ocupação norte-americana no último dia 9. Nessa data também se completavam quatro anos da ocupação de Bagdá por tropas dos EUA. Um dia antes da passeata, o comando militar dos EUA no Iraque anunciava a morte de dez soldados ianques em ataques da resistência no último fim de semana.

A manifestação foi chamada pelo clérico xiita, Moqtada al-Sadr, e foi o maior protesto contra a ocupação desde seu início. Segundo as autoridades policiais de Najaf, cerca de 600 mil pessoas foram ás ruas. Palavras-de-ordem foram entoadas contra as tropas norte-americanas e bandeiras dos Estados Unidos foram estendidas no chão para que os manifestantes passassem por cima. Centenas de bandeiras iraquianas também foram agitadas, numa demonstração de unidade do povo iraquiano contra as provocações fomentadas por grupos pró-ianques que podem levar a uma guerra civil no país. Embora tenha sido convocada pelos xiitas, a manifestação também contou com autoridades sunitas. Todos exigiam a retida das tropas e pediam a unidade de todos os iraquianos contra os ocupantes.

O enigma Al Sadr
O governo de Al Maliki e os EUA enfrentam um grande problema chamado Al Sadr. A organização do clérico xiita entrou no governo títere de Maliki, e hoje conta com vários funcionários, ministros e parlamentares do Congresso do país.

Mas antes de integrar o governo, Al Sadr e sua milícia, o Exército Mehdi, já enfrentaram em ataques os marines norte-americanos. Mesmo no governo, o clérico continuou sendo um problema sério para Washington porque não aceitou entregar as armas de sua milícia e, além disso, defendeu e festejou a vitória do Hezbollah contra Israel no Líbano no ano passado.

Al Sadr tem relações diretas com a hierarquia religiosa iraniana. Sua força política se encontra nos bairros xiítas de Bagdá e na região de Basora, no sul do país.

Al Maliki evita um confronto maior com Al Sadr, temendo que isso possa empurrá-lo para uma aliança com a resistência sunita. O que seria o inferno para as tropas imperiais. Por outro lado, a política negociadora dos aiatolás do Irã e sua influência sobre Al Sadr, impediram até agora a unidade efetiva com a resistência.
No domingo passado, Al Sadr pediu ao Exército Mahdi que redobre os esforços para expulsar as forças norte-americanas e que se unam para combater o arquiinimigo. Mas ainda é cedo para concluir se isso representa uma política de unidade com a resistência sunita ou é apenas mais um capítulo das negociações entre Irã e EUA para decidir os rumos do Iraque.

Unidade
O imperialismo aposta em fortalecer sua posição no Iraque. Não há no horizonte nenhuma perspectiva de retirada do país por “boa vontade” imperial.

O único caminho possível, então, é derrotar e derrubar as tropas ocupantes e seus governos submissos. Para isso é fundamental a unidade das massas árabes e muçulmanas, hoje é mais necessária do que nunca a unidade dos xiitas, sunitas e laicos iraquianos para que este triunfo possa se concretizar. A passeata do dia 9 pode ser um primeiro passo nesse sentido. É preciso unificar todos os iraquianos contra o amo imperial!

Nessa ocupação, está em jogo boa parte do destino da atual política do imperialismo norte-americano. Uma derrota de Bush e do imperialismo abrirá condições muito mais favoráveis para o avanço das massas do mundo inteiro.