Em novembro serão realizadas eleições presidenciais nos EUA. Os principais candidatos são o atual presidente republicano George Bush (que tenta a reeleição) e o senador democrata John Kerry. A votação se dará em meio a uma profunda crise causada pela ocupação militar no Iraque, como resultado de uma massiva resistência civil e militar. Essa crise, de fato, se estende ao conjunto da política externa do imperialismo americano e também dentro do próprio país. Tanto que o tema se transformou no centro do debate eleitoral.

Após uma rápida vitória militar inicial, e de modo imprevisto para os analistas militares e políticos do imperialismo, as tropas invasoras enfrentaram uma dura e crescente resistência civil e militar que unificou os dois principais setores do povo iraquiano (xiítas e sunitas). A resistência militar faz em média 60 ataques diários e já deixou cerca de mil soldados americanos mortos, uma cifra que, com espanto, é destacada por todos os jornais e TVs nos EUA.

A situação não mudou depois da troca de governo no Iraque, em junho último, apresentada como um suposto avanço rumo à “autonomia” iraquiana. O novo governo tem tão pouco respaldo popular como o anterior e continua sendo um fantoche sustentado pelas tropas de ocupação. Para a maioria do povo iraquiano, ambos, o novo governo e os ocupantes militares, são inimigos. Por isso, os informes mostram que o número de ataques militares aumentou cerca de 20% desde junho. Até mesmo os jogadores da seleção iraquiana de futebol (que fez uma grande atuação nas Olimpíadas de Atenas) repudiaram a tentativa de Bush de utilizá-los politicamente (como os “representantes de um novo país livre”) e exigiram a retirada das tropas americanas de seu país.

A resposta dos EUA foi reforçar sua ofensiva militar sobre os bastiões da resistência por meio de uma repressão massiva, com a prisão de centenas de “suspeitos”, muitos dos quais são torturados e, inclusive, assassinados nas prisões, em uma tentativa de “quebrar” a resistência. Mas tudo isso só consegue fazer aumentar o ódio do povo iraquiano e o repúdio internacional. Dentro dos próprios EUA a condenação à guerra cresce aceleradamente. A resistência continua no Iraque. Tudo indica que verdadeiras “zonas liberadas” permanecem nas regiões sunitas, especialmente no triângulo formado pelas cidades de Fallujah, Bakuba e a zona norte de Bagdá, capital do país. Alguns meios de comunicação informam que o poder do presidente Yiad Alawi é exercido apenas sobre “meia Bagdá”. As tropas invasoras tampouco puderam assegurar uma proteção efetiva à produção petroleira.

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