Em defesa da liberdade de organização, chamamos a repudiar o ataqueA sede nacional do PSTU foi invadida e saqueada na madrugada de 30 de dezembro passado. Trata-se de um atentado contra a liberdade de organização e queremos chamar o conjunto do movimento sindical, político e popular, assim como as entidades democráticas, a se posicionar perante este grave fato.

No início existiam dúvidas se se tratava de um crime comum ou de um ataque político. Mas bastou que avançássemos em nossas próprias investigações, através da apuração dos itens roubados, de depoimentos de vizinhos e imagens de câmeras de vigilância próximas, para identificarmos fatos graves que comprovam que se trata de um crime político e não de um assalto comum:

1) Pelo menos três pessoas invadiram o local às 2:59 da madrugada do dia 30 de dezembro e lá permaneceram por quatro horas, quando um carro entrou na garagem da casa, saindo cinco minutos depois. O prolongado período de permanência na sede e a quantidade de pessoas envolvidas não correspondem ao volume material do roubo, essencialmente computadores usados.

2) O foco central dos invasores foi a busca de informações e documentos do partido e não de bens materiais. Levaram computadores com dados e a prestação de contas do partido e deixaram talões de cheques no chão.

3) A operação de invasão foi cuidadosamente executada, sendo precedida do corte das linhas telefônicas da sede, para prevenir o funcionamento de esquemas de segurança. Mais uma vez, a dimensão e a precisão da operação não correspondem ao valor material do roubo.

Sabemos que os organismos de informação do estado assim funcionam, buscando dados sobre os movimentos e partidos de oposição, na preparação de futuras repressões. Isso não significa necessariamente repressão imediata, mas a coleta de dados que possibilitará ações futuras.

O PSTU é um partido de esquerda de oposição tanto contra o governo como aos partidos da direita (como PSDB e DEM), que tem estado presente nas lutas do movimento de massas e na construção de uma alternativa de direção para o movimento, como a Conlutas e a Conlute.

O risco que existe é que se tome esse crime político como um assalto comum e não se tome nenhuma providência para se contrapor a um ataque contra as mínimas liberdades de organização no país. Trata-se de uma operação clandestina de organismos de informação do Estado contra um partido de oposição de esquerda. Hoje atacam o PSTU e amanhã atacarão outros setores.

O governo federal, assim como o estadual e municipal, são os responsáveis por esta situação. A expressão mais acabada disso é a completa inoperância policial perante o crime. Até este momento não houve absolutamente nenhuma ação da polícia para investigar a invasão, apesar da denúncia ter sido apresentada há vários dias.

Chamamos a todos os partidos, sindicatos, entidades do movimento sindical, estudantil e popular, assim como as organizações democráticas, a repudiar a invasão e a exigir do governo a investigação do crime.

Direção Nacional do PSTU
São Paulo, 4 de janeiro de 2008

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