As trabalhadoras da confecção feminina de Fortaleza iniciaram sua campanha salarial com a realização de um seminário sindical no dia 14 de fevereiro. O objetivo foi discutir os problemas da categoria.

No primeiro momento, foi debatido o tema da crise econômica que já é fato entre os trabalhadores no Ceará. A própria mídia cearense destaca: “É o pior janeiro desde 2006, segundo as estatísticas do Ministério do Desenvolvimento. ‘A crise chegou ao Ceará e atingiu praticamente todos os produtos´, lamenta o superintendente do CIN (Centro Internacional de Negócios), Eduardo Bezerra. Setores tradicionais tiveram quedas expressivas no volume exportado. O mais afetado foi o têxtil, que, diante da concorrência asiática, teve vendas 51,6% menores do que em janeiro de 2008″ (Jornal Diário do Nordeste em 12/02/2009).

Existe uma discussão bastante camuflada sobre as demissões das trabalhadoras. Isso faz com que elas acreditem que tudo passará em poucos meses. Durante os meses de julho à dezembro, há um período de alta produção na confecção. A partir de janeiro, a produção diminui um pouco para, em seguida, se recuperar entre os meses de abril e junho, quando o setor volta a admitir mais trabalhadores. São os chamados períodos sazonais.

Mas o que não pode passar despercebido é que os números de demissões de janeiro de 2009 já batem recordes dos últimos dez anos. Milhares de postos de trabalho foram fechados e nao há perspectiva de melhora, na medida em que boa parte da produção vai para o mercado externo, que economicamente desmoronou.

Durante o seminário, foram discutidos problemas como o da insalubridade nos locais de trabalho, água de poço sem tratamento, comida que nem cachorro come, banheiros apertados, muito ruído das máquinas, pagamentos atrasados etc.

O seminário deixou claro que a guerra contra a patronal tende a ser ainda mais dura que a de 2008, que segue ainda em aberto em função da não-aceitação do banco de horas que vinha tentando ser implemento pela patronal.