Alimentos e bebidas, itens de necessidade básica, tiveram os maiores índices

Saiu neste dia 10 de janeiro o resultado final do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que fechou o ano de 2013 em 5,91%, acima dos 5,84% do ano anterior. Dos itens pesquisados pelo IBGE, o que teve maior aumento foi o de alimentação e bebidas, atingindo 8,48%.
 
Isto não chega a ser uma surpresa nem para quem acompanha o índice, nem para os trabalhadores que se assustam cada vez que chegam aos supermercados. Nos últimos dez anos, o preço de alimentos e bebidas subiu 68,06%, ou seja, 12,68% de crescimento real (se descontado todo o IPCA). A renda do brasileiro aumentou. No entanto, o preço da comida de nossa mesa aumenta ainda mais.
 
Ou, nas palavras do próprio IBGE no documento sobre o IPCA de dezembro de 2013: “Os preços dos alimentos vêm aumentando de forma expressiva nos últimos anos e, embora o resultado de 8,48% de 2013 tenha mostrado certo recuo em relação aos 9,86% de 2012, foi Alimentação e Bebidas que apresentou a maior alta de grupo e exerceu o mais forte impacto no IPCA do ano. Detendo 2,03 ponto percentual, os alimentos foram responsáveis por 34% do índice, cerca da terça parte. Seguem os resultados do grupo nos últimos anos.
2004: 3,86%
2005: 1,99 %
2006: 1,22%
2007: 10,79%
2008: 11,11%
2009: 3,18%
2010: 10,39%
2011: 7,18%
2012: 9,86%
2013: 8,48%” (IBGE, p. 12)
 
Este é um item de extrema importância no gasto do brasileiro, ocupando um quarto do orçamento das famílias. No final das contas, o polêmico tomate, símbolo do descontrole dos preços dos alimentos do governo Dilma, fechou o ano com um aumento de 14,74%, apenas o décimo primeiro maior aumento dentre os itens pesquisados para esta categoria, atrás de itens tão importantes, ou mais, como feijão-preto (21,51%), leite em pó (20,58%) e pão francês (15,11%).
 
Para os que têm de se alimentar fora de suas casas, entre seus turnos de trabalho, o esforço ficou ainda maior, o aumento foi de 10,07%, meio ponto a mais do que no ano de 2012.
 
Dois fatores podem ser apontados como responsáveis por influenciar nesta elevação dos preços dos alimentos: (i) o avanço do agronegócio, que elimina cada vez mais o pequeno agricultor, que, segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), é responsável pela maior parte da produção de alimentos no mundo; e (ii) nos últimos anos, as commodities foram integradas nas negociações em bolsas de futuros, como a BM&FBOVESPA, fazendo com que o preço de mercadorias como feijão, soja, trigo, dentre outros alimentos, subam por conta da especulação financeira.
 
E as ruas, o que têm a ver com a inflação?
O que acontece quando centenas de milhares de pessoas tomam as ruas para protestar? Enquanto que em 2012 o aumento do item do IPCA ônibus urbano foi de 5,56%, e “metrô” de 3,39%, em 2013, por conta das manifestações de junho, os resultados foram de 0,02% e 0% respectivamente. Das 11 cidades que participam da pesquisa do IBGE, apenas Fortaleza (10%) e Curitiba (6,74%) tiveram aumentos nos preços dos ônibus urbanos, tendo as outras capitais revogado este aumento, ou mesmo diminuído o preço da passagem.
 
Isso deixa a lição de que os preços, em muitos casos, são decisões políticas. Os preços administrados – que são aqueles estabelecidos por contrato, por órgão público ou agência reguladora – compõe, aproximadamente, 24% da cesta total do IPCA. Eles são, diretamente, decisões do governo, escolhendo se aumentará os preços da passagem de ônibus, da energia elétrica, da água etc.
 
Mas não só isto, outras políticas como a de reforma agrária e os incentivos ao pequeno agricultor, em detrimento do agronegócio, podem baratear o preço dos alimentos, além de distribuição de renda.
 
O que os protestos que já estão voltando neste ano e, certamente, se acentuarão na Copa, poderão ajudar os trabalhadores a melhorarem suas condições de vida será no sentido de dizer aos governos que se deve olhar para o cumprimento das necessidades da população, e não para os altos lucros do empresariado no Brasil.