A inflação medida nos últimos 12 meses já ultrapassou a meta do governo. Segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a inflação do período atingiu 6,51%. Do início do ano até abril, o índice acumulou alta de 3,23%.

Mas a inflação medida é diferente daquela sentida no cotidiano dos trabalhadores. É possível perceber um aumento bem maior nos combustíveis, nos preços dos alimentos ou nas tarifas de energia.

Enquanto o governo Dilma vem declarando na imprensa que não vai aumentar a gasolina, na prática o preço dos combustíveis vem crescendo vertiginosamente. Segundo o IBGE, o preço do etanol subiu 10,78% em março. Em abril, atingiu 11,20%, acumulando alta de 31,09% desde o início do ano.

O governo afirma que a inflação vai cair. Não é isso o que vemos e sentimos em nossos bolsos. Os trabalhadores pagam muito caro por tudo, pois as grandes empresas estão tendo grandes lucros.

E a política que Dilma apresenta para atacar a inflação não é combater os lucros dessas grandes empresas, mas penalizar os trabalhadores. Vamos ver agora como isso acontece.

Por que os preços dos alimentos aumentam?
O principal fator da inflação é a valorização dos preços dos produtos primários voltados para exportação, as chamadas “commodities agrícolas”. O Brasil é um grande exportador de commodities, inclusive cana-de-açúcar, matéria-prima do etanol.

Qualquer mudança nos preços dos alimentos no exterior tem influência direta na mesa do trabalhador brasileiro. Ao mesmo tempo, ocorre uma crescente especulação financeira sobre a valorização das commodities agrícolas. Só o álcool teve alta de 11,2% no mês passado, somando 31% no acumulado do ano, e 42,8% nos últimos 12 meses.
Mesmo não havendo um aumento oficial no preço da gasolina, o combustível seguiu a tendência do álcool (etanol). “A frota brasileira de automóveis do tipo flex aumentou muito nos últimos tempos, então a demanda por etanol também subiu muito”, explica o IBGE.

Com isso, o aumento do combustível tem um efeito dominó sobre outros produtos, elevando os preços dos alimentos, transportes etc.

Governo aumenta juros e diz que ‘combate’ inflação
Para “combater” a inflação, o governo Dilma resolveu implementar um conjunto de medidas que atacam o direitos dos trabalhadores, enquanto proporciona grande rentabilidade aos banqueiros e empresários.

A primeira é o corte de verbas de mais R$ 50 bilhões do orçamento federal. A medida atinge também as áreas sociais, como saúde, educação e reforma agrária. Esses cortes vão possibilitar que o governo entregue ainda mais dinheiro aos bancos, como no ano passado, em que destinou R$ 380 bilhões aos banqueiros por uma dívida que já foi paga inúmeras vezes.

Além disso, o governo resolveu aumentar a taxa de juros, que já são os mais altos do mundo. Entre 2003 e 2009, os bancos lucraram R$ 127 bilhões, mais do que o dobro gasto pelo governo Lula todos estes anos com o Bolsa Família.

Mesmo assim, desde o início de seu governo, Dilma aumentou três vezes essa taxa. Só no primeiro trimestre, o lucro do Itaú (maior banco privado do país) aumentou 9,2% (R$ 3,53 bilhões), e o do Bradesco cresceu 28,5% (R$ 2,7 bilhões).

Os trabalhadores estão endividados, pagando juros altos no cartão de crédito e no cheque especial para os bancos, cujas taxas se aproximam de 200% ao ano. Mesmo as taxas do crédito consignado são muito altas (30% a 40% ao ano).

Mas as empresas pagam ao BNDES – um banco estatal – 8,65% de juros ao ano. Ao invés de aumentar os juros, seria possível baixá-los para que os trabalhadores pudessem também ter empréstimos a 8,65% ao ano. Mas seria necessário enfrentar e estatizar os bancos, o contrário do que faz Dilma.
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