Manifestantes entram em confronto com a polícia em Roma

Os governos burgueses de centro-direita e de centro-esquerda jogam a crise do capitalismo sobre as costas dos trabalhadores, a partir dos seus estratos mais explorados (imigrantes trabalhadores precários, mulheres etc.). As novas gerações, isto é, os jovens que ainda estudam, se encontram diante de um futuro de desemprego e miséria. A taxa de desemprego, por exemplo, chegou ao altíssimo nível de 38% da população em idade ativa na Itália. Além disso, centenas de milhares de trabalhadores assalariados nos próximos meses perderão o posto de trabalho: os trabalhadores precarizados com contratos vencidos e os operários que estão na caixa de integração extraordinária [Mecanismo extraordinário para evitar a demissão].

Se na Itália é o governo Berlusconi que gere a crise econômica com prejuízo para a classe trabalhadora, as receitas atuais dos governos dos outros paises são as mesmas: basta pensar nos pacotes financeiros lançadas pela centro-esquerda na Grécia, na Espanha, nos EUA. A realidade é que todos os governos, no capitalismo, procuram defender os interesses da classe dominante, a grande burguesia industrial e financeira: nesse caso, podem contar com a cumplicidade das burocracias dos sindicatos reformistas [pelegos], que, graças ao controle que ainda exercem sobre a classe trabalhadora, oferecem a contragosto uma “inofensiva “válvula de escape” enquanto organizam acordos com a classe patronal. É o caso, na Itália, do principal aparato sindical, a CGIL: Camusso [Secretária-Geral da CGIL] assinou um acordo com a Federação das Indústrias, CISL e UIL que prevê, entre outras coisas, o definitivo desmantelamento do Contrato Coletivo Nacional do Trabalho. Além disso, deixou a Marcegaglia [Presidente da Federação das Indústrias] o papel de porta voz único das chamadas partes sociais (como se existisse interesses comuns entre os trabalhadores e os patrões!). Contemporaneamente, o sindicalismo de base, está dividido em tantas micro-organizações, que parece incapaz de oferecer uma alternativa confiável aos trabalhadores. O que falta na Itália é um grande sindicato da classe, que unifique as lutas em uma perspectiva anticapitalista.

Atualmente, do ponto de vista político, enquanto o governo Berlusconi está esgotado, os partidos da centro-esquerda querem substituí-lo na gestão dos negócios da grande burguesia italiana. PD, IDV e SEL se preparam para um novo governo (que se dirigido por Vendola o Bersani não muda em nada). Servirá apenas para alimentar as ilusões das massas, propondo novamente as mesmas receitas patronais, como já fez Prodi [Chefe do Governo de centro-esquerda antes de Berlusconi]. As forças políticas e sindicais de caráter social-democrático (a Federação da Esquerda; a FIOM de Rinaldini e Landini; Casarini e uma parte dos centros sociais) estão prontas a sustentar este novo projeto patronal. A corrente de centro-esquerda, Cremaschi (líder da esquerda na CGIL) lançou um novo projeto político- sindical com “5 pontos” (apoiados também pelos pequenos setores e organizações reformistas, centristas e neostalinistas: setores da Refundação, Esquerda Critica, PCL, CARC, “Rede dos Comunistas”) que se baseia sobre uma plataforma reformista (“rigoroso controle público sobre as multinacionais”, “uma nova política externa” que “favoreça a democracia e o desenvolvimento civil e social”, “intervenção publica nas empresas em crise”, “bens comuns para um novo modelo de desenvolvimento”, tudo sobre a base dos “direitos garantidos pela Constituição”).

Mas hoje precisamos de outra coisa. É necessário dizer que a crise que estamos vivendo não é apenas uma crise “financeira” provocada pelo poder excessivo dos bancos: é a crise de todo o sistema capitalista. Por isso, existe só uma saída, vantajosa para os trabalhadores, da miséria que a crise do sistema carrega consigo: a derrota do capitalismo, a construção de uma economia socialista. Não “forte controle público” sobre, as multinacionais, mas expropriação sobre controle dos trabalhadores das multinacionais e de todas as indústrias, a partir daquelas que fecham e demitem. Não “bens comuns para um novo desenvolvimento”, mas estatização de todos os serviços sociais. Não “controle sobre os excessivos poderes dos bancos”, mas expropriação dos bancos e criação de um único banco do Estado. Um programa desse tipo só poderá ser realizado por um governo dos trabalhadores: por isso é necessário um partido de classe e internacionalista, que desenvolva as lutas até que os trabalhadores tomem o poder.

É a construção desse partido internacional que a LIT – Quarta Internacional (do qual o PdAC é a seção italiana) dedica as suas energias. Como nos demonstram as revoluções árabes, as lutas na Grécia e os indignados de todo o mundo, a revolução não é apenas necessária, mas também possível. A classe dos explorados pode e deve unir-se em escala internacional para destruir o capitalismo: um sistema que, para o proveito de poucos, arrasta a humanidade para a catástrofe.

Tradução: Nívia Leão