Trabalhadores deixam os alojamentos no sitio pimental.

Mobilização é contra o descumprimento das condicionantes para realização da obraNa madrugada desta quinta-feira, 21, indígenas das tribos Juruna, Xypaia, Kuruaia e Canela, junto com ribeirinhos da região, ocuparam o canteiro de Pimental, nas obras da Usina Hidrelétrica de Belo Monte. Trata-se de mais um episódio que mostra a falta de compromisso dos governos, a começar pelo governo federal, com a garantia dos direitos mínimos desses povos, como ficou expresso no caso dos Guarani-Kaiowá (MS) há alguns meses e na recente desocupação truculenta dos índios da Aldeia Maracanã em nome dos mega empreendimentos da Copa do Mundo.

A ação começou quando cerca de 150 manifestantes fecharam umas das estradas que dá acesso ao canteiro. No entanto, o bloqueio foi furado por um veículo que conseguiu acionar a Força Nacional de Segurança Pública (FNSP). Em vão, a FNSP tentou impedir a entrada do grupo no canteiro, que conseguiu alcançar a área dos alojamentos onde ficam os operários e pediu que eles se retirassem. O ato foi apoiado por alguns trabalhadores que ali estavam instalados, sob protestos de péssimas condições de estadia.

Dentre as reivindicaçãos está, principalmente, o cumprimento das condicionantes na área da comunidade de Jericoá (índios Xypaia, Kuruaia e Canela), que não é demarcada e não possui água potável. Além da falta de estrutura básica em escolas e postos médicos.

Os colonos do Km 45, que também participaram da manifestação, cobram a documentação dos lotes, já que as terras onde vivem, segundo o Consórcio Norte Energia, pertence aos Juruna. Além disso, cobram a implantação do sistema de energia elétrica prometido pela empresa.

A página do Movimento Xingu Vivo Para Sempre ficou fora do ar quando passou a divulgar a ocupação e denunciar o desaparecimento de um ativista, Ivan Castro Torres, que fazia o registro fotográfico da ação e foi preso pela Polícia Federal.
Um Oficial de Justiça esteve presente no local do protesto para anunciar a decisão judicial que proíbe manifestações de movimentos sociais que paralisem as obras de Belo Monte.

Nós, Juventude do PSTU, manifestamos total solidariedade aos povos indígenas, colonos e comunidades ribeirinhas da região do Xingu que, neste momento, ocupam o canteiro de Pimental. Exigimos o cumprimento imediato das condicionantes da obra e a garantia dos direitos desses povos. Exigimos que moradores da região e tribos indígenas afetadas pela construção da usina sejam consultados. Exigimos divulgação do paradeiro e as condições na qual se encontra Ivan e responsabilizamos o governo de Dilma Roussef/PT pela repressão aos movimentos sociais e cerceamento da livre imprensa.