Redação

Incêndio ocorre três dias após a área ser considerada de “interesse social”

Um incêndio de grandes proporções atingiu a Ocupação Esperança em Osasco (SP), destruindo cerca de 200 barracos, 40% das moradias. A ocupação existe há três anos e abrigava atualmente cerca de 500 famílias, que conviviam com a permanente ameaça de desocupação.

O incêndio ocorre apenas três dias após a prefeitura ter decretado a área como de interesse social para que fosse revertida para fins de moradia. Tal notícia, por outro lado, sequer havia sido amplamente divulgada, reforçando as suspeitas de incêndio criminoso.

Estado é responsável
Exigimos da prefeitura, do estado de São Paulo e do Governo Federal a apuração rigorosa sobre as causas deste incêndio. É evidente que os incêndios que atingem ocupações e favelas em áreas urbanas, sobretudo aquelas alvo da especulação imobiliária e de disputas judiciais, não são espontâneas. É preciso apurar e punir os culpados.

Independente disto, porém, os governos são diretamente responsáveis por essa tragédia. Primeiro, por não garantir moradia digna às famílias, que se vêem obrigada a morar em habitações precárias. Depois, por se negar a regularizar essas áreas a fim de beneficiar a especulação.

A prefeitura, o estado e o governo Federal são culpados por essa situação. Exigimos a regularização imediata do terreno da ocupação e indenização das famílias atingidas.

Não à repressão
Além de ser responsável pelos estragos, o estado ainda reprime os moradores e os lutadores da ocupação. Na noite desta terça, poucas horas após o início do incêndio,  a Polícia Militar impedia que os próprios moradores se aproximassem da ocupação. O advogado Avanilson Araújo foi ainda detido e agredido pela PM.

Viemos pra cá assim que soubemos do incêndio para ajudar a abrigar os moradores, mas a Polícia Militar isolou a área e não deixava a população se aproximar”, explica Avanílson. “Quando deixaram alguns vereadores de Osasco passar, o povo ficou revoltado, fui questionar a PM e já me deram uma gravata, me jogaram no chão e me algemaram“, relata.
O advogado permaneceu na viatura e foi entrege à Força Tática. “Aí me agrediram novamente, com chutes e socos no estômago e me levaram à 10ª DP de Osasco“, informa. Avanilson ficou detido até o final da noite e foi liberado. O caso foi denunciado à Corregedoria da PM.


Solidariedade
Os trabalhadores devem se solidarizar com a luta dos moradores da Ocupação Esperança, mas também é preciso solidariedade em relação à própria sobrevivência das famílias atingidas. As famílias tem disposição de continuar resistindo a qualquer tentativa de despejo. O Movimento Luta Popular está recebendo doações às famílias no Espaço Kiwi de Teatro, na rua Frederico Abranches, 189, em Santa Cecília. As prioridades são água, comida, roupas, cobertores e lona.