Congresso da Conlutas deve aprovar plano que unifique as lutas contra a inflação e os ataques aos direitosNeste momento, caravanas de todo o país se preparam para ir a Betim (MG), no I Congresso da Conlutas, que promete ser um dos maiores eventos dos trabalhadores nos últimos anos. Com a expectativa da presença de 4.500 delegados eleitos na base das categorias e movimentos sociais e populares, esse congresso deve marcar o fortalecimento que a Conlutas tem vivido desde o Conat (Congresso Nacional dos Trabalhadores), em 2006, quando a entidade foi oficialmente fundada.

Naquele ano, a economia ainda crescia e, no Brasil, a reforma da Previdência e demais reformas estavam na ordem do dia do governo Lula. Dois anos depois, as reformas continuam nas intenções do governo. A economia, porém, entrou em recessão no coração do império, os EUA, e se espalha por todo o mundo. Embora Lula afirme que o país, devido aos ajustes fiscais, não vai sofrer a crise internacional, os trabalhadores já sentem os seus efeitos.

O caráter dependente da economia nacional, ao contrário do discurso do governo, torna o Brasil ainda mais frágil diante de qualquer crise.

Crise já é realidade no país
Reflexo da crise internacional, a inflação voltou com toda a força. Primeiro com a crise mundial dos alimentos, que jogou os preços de produtos básicos nas alturas e provoca hoje protestos em todo o planeta. Todos os organismos internacionais, como a FAO, da ONU, dizem que esses preços vão subir ainda mais.

No Brasil não é diferente. Apenas a cesta básica teve aumento acumulado superior a 20% nos últimos 12 meses. Em São Paulo, o aumento dos preços dos alimentos em maio foi o maior em quase cinco anos. Mas a inflação, que apareceu nos preços dos alimentos, contagia outros setores, como saúde, educação e habitação.

O imperialismo e seus organismos, assim como o governo, dão uma explicação cínica para a inflação. Para eles, a população mundial, devido ao crescimento econômico dos últimos anos, está comendo mais. Assim, o aumento da demanda estaria provocando a elevação dos preços.

Na realidade, a inflação dos alimentos é uma forma de os capitalistas, através da especulação, aumentarem os preços e ficarem com partes cada vez maiores dos salários. Tentam, assim, compensar parte dos prejuízos que estão tendo com a crise. Como sempre, jogam nas costas dos trabalhadores o peso da crise.

Por outro lado, a crise aumenta ainda mais a transferência de lucros aos países imperialistas. Os lucros, arrancados através da exploração dos trabalhadores dos países coloniais e semi-coloniais, vão cobrir os buracos das multinacionais dos países centrais. O reflexo disso é retirada de direitos, aumento do ritmo de produção, mais privatização e reformas.

Trabalhadores se levantam
Os trabalhadores, por sua vez, não sofrem calados e reagem. Os setores mais explorados da classe trabalhadora, sentindo o peso da inflação, foram à luta neste primeiro semestre, como os operários da construção civil em várias partes do país. Motoristas, vigilantes e funcionalismo público também se mobilizaram.

Na GM de São José dos Campos (SP), os metalúrgicos se levantaram contra o banco de horas e deram um exemplo de que é possível derrotar a flexibilização de direitos. Em São Paulo, os professores da rede estadual fazem uma forte greve. Em Minas, os operários da CSN de Congonhas foram à luta e derrotaram o banco de horas.
As campanhas salariais tornam-se, assim, o centro das lutas das diferentes categorias, contra o arrocho e a inflação.

Próximas tarefas da Conlutas
Diante dessa realidade, é fundamental que o congresso da Conlutas seja um momento importante no fortalecimento de uma alternativa de luta dos trabalhadores. O papel cumprido pela Conlutas na GM de São José dos Campos, ou entre os trabalhadores das empreiteiras da refinaria da Revap, da Petrobras, demonstram a necessidade de uma alternativa que enfrente não só o governo e os patrões, mas a própria CUT.

Os milhares de delegados têm, portanto, a importante responsabilidade de avançar na organização e no fortalecimento da Conlutas. Assim como na construção da unidade na luta, tanto nas lutas cotidianas quanto no chamado à unificação com setores como a Intersindical.

É preciso fazer uma campanha por aumento geral dos salários e pelo reajuste salarial automático, conforme a inflação. É necessário também unir as campanhas salariais do segundo semestre e organizar calendários e ações unitárias em defesa dos salários.

Não é suficiente, porém, ficar nas reivindicações imediatas dos trabalhadores. É fundamental um plano de lutas que enfrente a política econômica do governo Lula, a criminalização dos movimentos sociais, o pagamento da dívida pública e que exija a reestatização das empresas privatizadas. Enfim, um plano de ação que enfrente o imperialismo, a burguesia e a exploração, tendo como horizonte a construção do socialismo.

Temos que aprovar um plano que inclua:

• Aumento dos salários e da aposentadoria
• Reajuste automático de salários de acordo com a inflação
• Redução da jornada sem redução dos salários
• Fim do banco de horas
• Fim do fator previdenciário
• Legalização da organização sindical de base
• Em defesa dos servidores e do serviço público: mais verbas para saúde e educação
• Reforma agrária sob controle dos trabalhadores
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