Os insurgentes no Iraque não deram trégua aos invasoresDepois dos atentados de 11 de setembro de 2001, e a invasão do Iraque pelos EUA, ficou mais evidente o que disse Lenin sobre o imperialismo: “trata-se de um grupo de países que dominam e exploram todo o restante da humanidade, causando um retrocesso brutal em todo o mundo”. O ano de 2004 incorporou esta avaliação na consciência de setores amplos das massas.

Existe hoje uma grande polarização: de um lado uma forte ofensiva econômica e militar do imperialismo, cujo maior símbolo é o governo Bush. De outro, uma forte resistência por parte dos povos em várias partes do mundo a essa dominação.

A ofensiva recolonizadora do imperialismo combina aspectos econômicos, políticos e militares. Mas o balanço deste ano mostra os limites dessa política impostos pelos trabalhadores e os povos do mundo. Cresceu o sentimento antiimperialista, em uma situação muito superior à da década passada. Essa luta toma uma forma armada no Iraque, onde os insurgentes não deram um minuto de trégua aos superequipados marines.

O ascenso mundial se espalha e se radicaliza

A Europa Ocidental atraiu a atenção com as grandes mobilizações contra a guerra, refletindo não só o repúdio dos povos contra a invasão do Iraque, mas também a crise econômica e os ataques aos direitos dos trabalhadores. Em alguns países, essas mobilizações, pela amplitude, se pareciam às das eleições diretas no Brasil, com multidões presentes nos atos. A reação do povo espanhol frente ao atentado de 11 de março, que provocou a queda de Aznar e a retirada das tropas espanholas do Iraque, é a melhor expressão da nova situação política na Europa.

Nos EUA, o movimento antiguerra se ampliou e se politizou, unificando diferentes setores da população. O fato inédito de que a central sindical AFL-CIO tenha se manifestado contra a guerra e a criação do movimento Labor Antiwar, mostram que se está gestando uma nova situação. A vitória de Bush nas eleições de 2 de novembro vai polarizar ainda mais essa situação. E seu fracasso em estabilizar o Iraque e trazer de volta os soldados são um elemento de instabilidade permanente.

A resistência no Oriente Médio

Este ano confirmou o Oriente Médio como um dos pontos de maior concentração de guerras, crises e revoluções. A invasão dos EUA ao Iraque agravou toda a situação na região. Na véspera da guerra ocorreram grandes mobilizações nos países árabes, como Marrocos, Egito, Turquia, Jordânia, contra o invasor e, implícita ou explicitamente, contra os governos locais. Voluntários de vários países estavam no Iraque dispostos a lutar e morrer por sua soberania.

A resistência iraquiana põe em risco o plano americano de chamar eleições em janeiro. Depois de reeleito, Bush ordenou o massacre a Faluja. Mas, com isso, o número de insurgentes, ao invés de diminuir, aumentou, obrigando os americanos a aumentarem seus efetivos militares, que deverão chegar a 150 mil até o início do próximo ano. O ano de 2004 termina com uma ameaça de derrota militar dos EUA no Iraque, um novo Vietnã.

Na Palestina, a ofensiva de Sharon, a humilhação de todo um povo e os massacres não conseguiram deter a resistência. A simpatia com a resistência no Iraque reanima a luta palestina. A segunda Intifada já tem quatro anos sem qualquer sinal de esmorecimento. Depois da morte de Arafat, o imperialismo se apressou em cooptar as lideranças palestinas para a realização de eleições, sem qualquer garantia de que isso vá ser possível.

Post author Cecília Toledo, da redação
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