Evento marca calendário de lutas nos estados para dar continuidade a luta contra a corrupção e a política econômicaO II Encontro Nacional da Coordenação Nacional de Lutas (Conlutas), realizado no dia 18 de agosto em Brasília, coroou a grande vitória que foi a grande marcha que tomou Brasília contra o governo Lula e o Congresso corruptos no dia anterior. Grande parte de ativistas e entidades que participaram da marcha permaneceram na Capital Federal para, no dia seguinte, definir os próximos passos da Coordenação.

Assim como ocorreu no Encontro Sindical Nacional em Luziânia, em 2004, que impulsionou a construção da Conlutas, e no 10 Encontro Nacional durante o IV Fórum Social Mundial no início deste ano, o II Encontro superou todas as expectativas, provando a existência de um espaço para uma alternativa de luta, e a motivação para construí-la.

Um passo à frente
Inicialmente programado para contar com cerca de 700 participantes, o evento teve 1.700 inscritos, representando 85 entidades sindicais, 15 oposições e 8 entidades do movimento popular de todo o país.

A Conlutas consolida-se como uma alternativa de direção perante a falência da CUT. O representante da Federação Nacional dos Auditores do Fisco (Fenafisco) informou que o congresso da entidade definiu sua integração à Coordenação. O Movimento Terra, Trabalho e Liberdade (MTL), importante movimento popular do campo, informou sua intenção de compor a Conlutas, participando do II Encontro como observador. João Batista, da Coordenação Nacional desse movimento, informou que o MTL irá oficializar sua adesão à Conlutas no Encontro Nacional do movimento, que será realizado em outubro.

Ainda no início do Encontro, foi informada ao conjunto dos participantes a deliberação da plenária sindical nacional do P-SOL, de integrar a Conlutas. “Hoje a Conlutas pode servir como o impulsionador das lutas do nosso país”, disse ao Opinião Socialista Wellington Luis Cabral, militante do P-SOL e diretor do Sindicato dos Químicos de São José dos Campos.

Pela manhã, debate e definições
O Encontro iniciou o debate sobre qual deve ser a alternativa dos trabalhadores para a crise. A discussão foi polarizada entre o chamado ao “Fora Todos”, defendido pelos militantes do PSTU, apontando a solução na mobilização das massas, e a defesa do P-SOL do plebiscito revogatório como forma de antecipar as eleições. Beth Lima, diretora do Sindsef-SP (Sindicato dos Servidores Federais de São Paulo), e militante do PSTU, foi enfática ao rejeitar a solução para a crise por dentro do regime burguês. “Não podemos cair no mesmo erro do PT e dizer que as eleições são uma resposta para os trabalhadores. Não podemos jogar a decisão para este Congresso corrupto”, afirmou, sendo bastante aplaudida pelo plenário. Após ser iniciado no Encontro, esse debate agora será travado na base das entidades que compõem a Conlutas.

Os ativistas aprovaram um manifesto de consenso que defende a continuidade das mobilizações e coloca uma plataforma mínima de reivindicações, que exige, entre outros pontos, a prisão e o confisco de bens de todos os corruptos e corruptores, reforma agrária, redução da jornada sem redução dos salários, anulação da reforma da Previdência e a retirada das reformas Sindical/Trabalhista e da Universitária, além da suspensão do pagamento das dívidas externa e interna.

“É Conlutas, é pra lutar! É o Congresso Operário e Popular!”
A tarde do dia 18 foi dedicada ao debate sobre a preparação do I Congresso da Coordenação. A plenária aprovou a proposta da coordenação da Conlutas que definia o caráter sindical e popular do Congresso. De acordo com a deliberação, o Congresso será aberto a entidades sindicais e estudantis, oposições, além de movimentos populares. Apesar disso, essa definição é ainda provisória, cabendo ao próprio Congresso deliberar definitivamente sobre o caráter da Coordenação.

O I Congresso da Conlutas, que fundará e lançará as bases de uma nova organização classista, será realizado a partir do dia 28 de abril de 2006 e culminará num grande ato público no dia 10 de maio, Dia Internacional do Trabalhador, na capital paulista. Cada sindicato que participará do congresso terá direito a levar cinco delegados e poderá eleger outros em assembléia, seguindo o critério de um representante para cada 500 trabalhadores na base. Um último delegado poderá ser eleito em fração de 250 trabalhadores. As assembléias, para escolher os representantes, precisarão reunir um número de trabalhadores três vezes maior do que o total de delegados a que têm direito de eleger.

As oposições sindicais, que enfrentam os sindicatos chapa-branca da CUT em categorias importantes, terão direito a dois representantes. Oposições que já disputaram eleições, como a de bancários de São Paulo e a de Porto Alegre, terão direito a eleger mais delegados, além desses dois. O número será definido pelo percentual da categoria que votou na oposição.

Por exemplo, se 30% dos votos de uma categoria com 10 mil trabalhadores tiverem ido para uma oposição, esta teria direito a eleger mais seis delegados, sendo 1 por cada 500 trabalhadores, dos três mil que teriam votado nela.

Também foi aprovada a participação de estudantes no congresso de fundação. O critério é o mesmo do para os trabalhadores – 1 para cada 500 – e as eleições podem reunir alunos matriculados em um curso ou em vários cursos de uma universidade. Alguns temas ficaram ainda em aberto e devem ser aprofundados até a reunião ampliada da coordenação, que ocorrerá em outubro. Entre eles, os critérios de representação para a juventude operária e da periferia e para as organizações do movimento popular e camponês.

Calendário de Lutas
No final do Encontro ficou ainda mais perceptível a consolidação da Conlutas como alternativa classista à CUT chapa-branca. Desta forma, um calendário de lutas foi aprovado pelos ativistas, como forma de reproduzir nos estados o grande ato do dia 17 de agosto em Brasília.
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