Entre 30 de janeiro e 1º de fevereiro, ocorreu, em São Paulo, o II Encontro Nacional de Negros e Negras do PSTU, contando com a participação de 32 delegados, de seis diferentes estados, além de cerca de 20 convidados e observadores. O Encontro foi um importante momento para atualizar o programa de combate ao racismo e para discutir formas de avançar na estruturação da Secretaria Nacional.

O debate político teve início com um informe sobre a situação de negros e negras no atual cenário internacional, com destaque para as relações entre o processo de globalização e o racismo. Como destacou Dayse Oliveira, professora de São Gonçalo (RJ) e ex-candidata à vice-presidência pelo PSTU, em 2002, “além de atacar nossas conquistas históricas, como vem ocorrendo nos Estados Unidos, as reformas neoliberais e os planos de recolonização do imperialismo têm afetado particularmente a vida de negros e negras nos chamados países periféricos. Aqui no Brasil, o maior exemplo disto é a tentativa de implementação da Alca. Se é verdade que o plano imperialista significará um enorme ataque contra todos os trabalhadores, para aqueles que foram historicamente marginalizados como nós, a Alca é literalmente uma catástrofe“.

Neste ponto, também foi debatida a participação em campanhas internacionais, como em defesa da vida e da liberdade do jornalista norte-americano Mumia Abu-Jamal e de denúncia dos constantes ataques neofascistas em toda a Europa.

Foi consensual a avaliação de que o governo Lula além de, praticamente, não estar fazendo nada para atender as reivindicações do movimento negro – a proposta de cotas, por exemplo, até o momento não saiu do papel – tem contribuído na continuidade da marginalização da população negra na medida em que tem avançado na aplicação dos planos neoliberais e governado em íntima aliança com a burguesia, principal agente de utilização do racismo como forma de superexploração de negros e negras. Neste sentido, o II Encontro reafirmou a exigência de que Lula não só rompa com a burguesia e os setores patronais, como também com o FMI e os acordos da Alca. Também foi ratificada a resolução do PSTU sobre cotas, nos marcos da exigência de que qualquer política reparatória deve ser aplicada com dinheiro proveniente do não pagamento da dívida externa.

O segundo dia do Encontro foi dedicado ao debate sobre a atualização do programa, a estruturação da Secretaria de Negros e Negras em todo o país e votação de uma nova direção. Como destacou Toninho Toshiba, metalúrgico e ex-candidato a senador em Belo Horizonte (MG), “o desafio colocado para os negros e negras do PSTU é dar um corte de raça em todas as instâncias e movimentos da classe trabalhadora, da juventude e entre os demais setores explorados e oprimidos do país. Nossa luta é de raça e classe e, por isso, deve ser travada no interior dos sindicados, do movimento estudantil, popular de mulheres e GLBT, com o objetivo de fazer valer a máxima de Malcolm X, que adotamos como nosso lema: não há capitalismo sem racismo, conseqüentemente, não há como lutar contra um, sem combater o outro.”

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