Congresso tem 30% a mais de entidades que o anterior, de 2012

Foram quatro dias de intensos debates marcados pelo princípio da democracia operária e, ao final do Congresso Nacional de CSP-Conlutas, realizado de 4 a 7 de junho em Sumaré (SP), a alegria superava o cansaço de seus mais de 2 mil participantes. Junto à bagagem, os delegados e delegadas também levaram a certeza de que esse congresso marcou o fortalecimento da CSP-Conlutas como alternativa de direção aos trabalhadores e à classe operária no país.

Foram inscritos no total 1702 delegados representando 373 entidades do movimento sindical, popular,  estudantil e contra as opressões, de 24 estados e do Distrito Federal. O número de entidades representa um aumento de 30% em relação ao I Congresso realizado em 2012, expressando um avanço e consolidação da central nesse último período. Além disso, também estiveram presentes 572 observadores e 109 convidados, num total de 2639 participantes.

Além da oposição a este e a oposição frontal a ataques como a terceirização, as Medidas Provisórias de Dilma que atacam o seguro-desemprego e direitos previdenciários, e também o ajuste fiscal, o congresso aprovou um plano unitário de lutas com um chamado à unificação das diversas mobilizações que ocorrem hoje no país. Uma das principais deliberações foi o manifesto comum chamando a construção de uma Greve Geral. “A unificação dessas lutas e demais processos de mobilização no rumo da construção da greve geral estão colocadas na realidade como uma necessidade e como possibilidade concreta“, diz o manifesto.

O II Congresso Nacional da CSP-Conlutas se dirige às organizações sindicais, às centrais em particular, e também às organizações populares e da juventude e chama essas entidades à organização conjunta da resistência da nossa classe, em cima dos pontos de acordo que tem se mostrado possíveis de promover uma unidade ampla dos trabalhadores: derrotar as medidas de ajuste, as terceirizações e a defesa do emprego“, conclama o manifesto, criticando ainda as tentativas de acordo ou negociações sob a falsa lógica do “mal menor”, mas que vão na mesma direção da retirada de direitos, como é o caso da fórmula 85/95 na aposentadoria ou a proposta da CUT de reduzir salários para supostamente manter os empregos.

Reorganização
O congresso expressou as principais lutas que ocorrem hoje no país, como a heroica greve dos servidores estaduais do Paraná contra o governo de Beto Richa (PSDB) leia mais aqui, a luta dos operários do Comperj (Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro) e dos professores em greve em vários estados do país. “Chegamos aqui e vimos que a nossa luta é a mesma do companheiro do Paraná ou dos companheiros rodoviários de Porto Alegre“, disse ao Portal do PSTU um ex-operário do Comperj que esteve à frente do fechamento da ponte Rio-Niteroi em fevereiro úlitmo.

Além de lutas altamente radicalizadas, foram processos que, muitas vezes, passaram por cima de suas direções tradicionais e, não coincidentemente,  encontraram na CSP-Conlutas apoio e abrigo.


Operários do Comperj no Congresso da CSP-Conlutas

Além disso, o congresso também marcou a aproximação e a entrada na central de diversas e importantes entidades ligadas à luta no campo, como a Feraesp (Federação dos Empregados Rurais Assalariados do Estado de São Paulo) leia mais aqui. Um dos sindicatos recém-filiado à CSP-Conlutas é o histórico Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Xapuri (AC) do qual fez parte Chico Mendes e que hoje é dirigido por Derci Teles, também presente no congresso.

Democracia e internacionalismo
A reafirmação da CSP-Conlutas como alternativa às centrais governistas e burocráticas seria impossível sem a aplicação, na prática, da democracia e foi isso que prevaleceu nos quatro dias do congresso. Além dos paineis que discutiram as lutas que ocorriam no país, a luta contra a opressão e os desafios no campo, a base dos trabalhadores pôde participar e ter voz ativa nos 22 grupos em que se distribuíram os participantes.

Da mesma forma, o internacionalismo que sempre foi marca registrada da central teve lugar garantido. O princípio de que a luta da classe trabalhadora transcende as fronteiras nacionais se expressou na presença de delegações vindas de várias partes do mundo como a Palestina, França, Tunísia, Argentina, Paquistão e de diversos outros países. A resolução exigindo a retirada imediata das tropas da Minustah do Haiti foi apresentada pela recém-fundada USIH (União Social dos Imigrantes Haitianos) e defendido no plenário pelo haitiano Fedor Bacourt.

Foi o maior Congresso da nossa história, com muita força e que arma a nossa central pra enfrentar de maneira decisiva os ataques patronais, do governo, e que sem dúvida coloca a CSP-Conlutas como instrumento muito importante pra construir a unidade da classe, avançar na mobilização rumo a uma sociedade sem explorados e exploradores“, afirma Sebastião Carlos, o Cacau, da Secretaria Nacional Executiva da entidade.

LEIA o manifesto com o chamado à Greve Geral aprovado no congresso