Show da banda, em outubro de 2005
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Existiu um tempo em que os músicos do Audioslave não tocavam somente por dinheiro…Nesse tempo, eles tocavam sons de protesto que eram o hino da geração rebelde da década de 90… Nessa época, a banda chamava-se Rage Against the Machine (RATM). Com a capitulação ao monopólio fonográfico por parte dos músicos do Rage (exceto o vocalista, Zack de la Rocha, os outros integrantes montaram o Audioslave com o vocalista vindo da Sound Garden, o Chris Cornell), uma outra banda ocupou esse espaço… Essa banda se chama SYSTEM OF A DOWN (SOAD)!

Com letras antiimperialistas e de protesto contra a fome, a miséria, a guerra, a violência policial, o sistema prisional americano, a prostituição infantil e a comercialização/banalização do sexo, poesia existencial, política, religião, além de, é claro, muita mensagem positiva também, o SOAD foi conquistando essa nova geração que não gostava da mesmice metaleira da década de 80 e início dos 90, mas curtia o som pesado e alternativo. Esse som novo que começava a surgir nos shows e nas rádios “alternativas”, com misturas de som e variação na velocidade do ritmo dos instrumentos… Esse som foi chamado de “Nü-Metal” (no Brasil, neo-metal ou alterna-metal). Mas há muitas polêmicas sobre isso, que não serão desenvolvidas aqui.

O System é uma banda de quatro integrantes moradores de Los Angeles, de origem armena e um estilo muito particular de fazer música. Com influências de Bettles, Slayer, Faith No More, entre outras, o som deles não poderia sair “normal”. O som do SOAD é uma mistura de metal com música armena, reggae e algumas pitadas de música eletrônica.

Após seis meses do lançamento do CD “Mezmerize”(MZM), em dezembro eles lançaram o “CD irmão” do mesmo, o “Hypnotize”(HPZ). O projeto inicial era se fazer um CD duplo, mas eles foram convencidos a lançarem em duas vezes, segundo o site oficial, “para não desvalorizar o álbum, que teria muitas músicas”. A formulação MZM/HPZ ficou, apesar de tudo, muito interessante, pois, as duas capas, se colocadas uma sobre a outra, se transformam em uma só (só vendo pra entender!), as músicas dos dois CDs, se unidas, transformam-se em um “círculo”: no MZM a primeira música é a “Soldier Side Intro”, que é a introdução do CD. E a última música do HPZ, a “Soldier Side”, termina exatamente quando seria o começo da “Soldier Side Intro” (do CD MZM).

Todos percebem a mudança que vem sofrendo a composição das músicas do System. Em seu primeiro disco (auto-intitulado e lançado em 1999), havia a fúria de “Suggar” e a tensão de “Spiders”. No segundo, o “Toxicity”, tinha a violência de “Prision Songs” e a viajem de “Bounce”. No terceiro, o “Steal This Album”, havia o ódio de “F…k the System” e o protesto antiguerra no Iraque de “Boom”. Mas, no quarto (MZM/HPZ), o SOAD segue a tendência de quase todas as bandas com essa característica: a de se apresentar como banda alternativa. Cada vez mais o som vai ficando melódico e domesticado, modelado ao gosto das grandes gravadoras que detêm o monopólio fonográfico. Infelizmente (ou felizmente!) só o RATM acabou sem se render a esse tipo de pressão, graças a Zeck.

O novo álbum traz particularidades novas em relação aos anteriores: 1) 80% das músicas de MZM/HPZ foram compostas pelo guitarrista Daron Malakian, o que tende a torná-las repetitivas 2) Daron também tem participação ativa cantando muitas músicas nesse álbum. Para quem os conhece, a voz do Daron é completamente aguda e melódica 3) As melodias estão menos trabalhadas e contêm menos “riffs” e mais solinhos e ritmos dançantes.

Poderia citar mais, porém estas bastam para notar a diferença entre MZM/HPZ e os demais álbuns. Mais, mesmo assim, os “soadmaníacos” (como eu!) vão continuar ouvindo System e MZM/HPZ, nem que for pra criticar.