Nada semelhante, em termos de ataques, foi conseguido pela burguesia antes, a não ser na ditaduraA campanha eleitoral de 2006 já começou, e está por trás tanto da eleição de Severino Cavalcanti para a presidência da Câmara, como da recente crise com as declarações de Lula de acobertamento da corrupção no governo de FHC. Derrotado no Congresso, por uma manobra da oposição burguesa, Lula tentou dar um troco desajeitado com uma declaração (na verdade, uma confissão), assumindo ter varrido a sujeira para debaixo do tapete. Logo em seguida, foi obrigado a recuar.

São batalhas do mundo político da burguesia. Existe um enorme distanciamento entre o “mundo dos políticos” e a vida real dos trabalhadores. A vida dura, a dificuldade para pagar os aluguéis, os salários miseráveis, o desemprego real, etc. etc. não entra no Congresso, não sobe a rampa do Planalto.

Esta polarização eleitoral, além disso, esconde um grande acordo político. PT de um lado e PSDB e PFL de outro lutam pelo poder, mas têm um programa semelhante para o país. Quando chega a hora de se colocarem em acordo para explorarem ainda mais os trabalhadores, estes partidos se disfarçam de “representantes de toda a sociedade”, e aplicam as reformas neoliberais impostas pelo FMI.

Não é por acaso que o governo e a oposição burguesa estão apresentando em conjunto a proposta da reforma Sindical ao Congresso no início de março. Essa reforma abre já a possibilidade de aplicação da reforma Trabalhista, ou seja, a imposição do fim de direitos históricos dos trabalhadores (como as férias e décimo terceiro), pela negociação dos patrões com as direções da CUT e Força Sindical, sem necessidade de assembléias de base para impor esses acordos. Os patrões conseguiram também, nessa reforma, o questionamento claro do direito de greve, com a legalização dos fura-greves e a proibição dos piquetes.

O governo naturalmente vai tentar apresentar essa reforma como um avanço, como um combate aos burocratas sindicais que nada representam. Mas não é por acaso que as direções da CUT (braço do governo no movimento) e da Força Sindical (ligada à oposição burguesa) são co-autores e beneficiários da reforma. Caso a reforma se efetive, passarão a existir no país os superpelegos, que poderão negociar em nome de todos os trabalhadores sem necessidade de qualquer consulta às bases, definirão quais sindicatos podem existir, e ainda quadruplicarão o imposto sindical extorquido aos trabalhadores.

Nada semelhante foi conseguido pela burguesia brasileira antes, em termos de ataques a direitos históricos dos trabalhadores, a não ser na ditadura militar. O governo Lula, em suas relações políticas com os trabalhadores, mostra sua importância para a burguesia.

Com luta, essa reforma não passará. A Coordenação Nacional de Lutas (Conlutas) está convocando uma grande mobilização no país contra essa reforma, que vai implicar em um período nacional de explicação para os trabalhadores sobre o significado real dessa reforma, e depois mobilizações. Estarão sendo organizados atos no Primeiro de Maio contra a reforma, uma semana nacional de mobilizações em maio e uma grande marcha a Brasília no segundo semestre.

É hora de lutar, de mover os sindicatos em defesa dos direitos dos trabalhadores, da liberdade de greve, da autonomia sindical. A luta está apenas começando.

Post author Editorial do jornal Opinião Socialista 208
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