Milhares e milhares de ativistas dos movimentos sindical, popular e estudantil estão ligados à construção da marcha a Brasília, no dia 24, promovida pela Conlutas, Intersindical e outras entidades. Eles e elas são os que garantem as discussões preparatórias, as viagens de ida e volta nos ônibus para Brasília. Marcharão com faixas que terão frases como “este congresso corrupto não pode votar a reforma da Previdência”. Gritarão “Fora Renan!”. Carregarão com orgulho cartazes exigindo a “retirada das tropas brasileiras do Haiti”.

A estes abnegados lutadores está dedicada a edição especial do Opinião Socialista, número 319, em comemoração aos 90 anos da Revolução Russa. Nas páginas deste especial, queremos lembrar que o sonho de construir uma sociedade socialista, materializada na Rússia revolucionária, continua vivo, e seu legado possui grande importância e atualidade.

Os milhares de lutadores que estarão na marcha refletem uma parte do melhor da vanguarda de todo o país. São os que garantem os piquetes das greves operárias, de professores, bancários e funcionários públicos. Os que organizam os atos e as passeatas estudantis e enfrentam a repressão policial. Os que animam as chapas de oposição e os que dirigem os sindicatos da Conlutas.

Todos estes ativistas estão inseridos nas mobilizações diretas dos trabalhadores e estudantes. A burguesia gostaria de impedir as lutas, mas, na impossibilidade de evitá-las, quer mantê-las sem nenhuma referência estratégica. Quer que os ativistas – e a partir daí o conjunto dos trabalhadores – não vejam as mobilizações por salário, emprego ou condições de trabalho e estudo como partes de uma luta contra o governo e o conjunto da dominação capitalista. A marcha do dia 24 é uma resposta política de peso nacional, que vai fortalecer as lutas específicas.

Muitos ativistas honestos acreditam, no entanto, que é correta a postura de “rejeitar a política” e se dedicar apenas “às lutas concretas”. Desencantados com a derrubada das ditaduras stalinistas do Leste europeu e com as manobras corruptas de partidos como o PT e os da oposição burguesa, estes ativistas rejeitam a luta política e os partidos.

É bom que se diga que a burguesia aplaude esse tipo de postura. Os grandes capitalistas discutem suas estratégias de exploração, com todos os detalhes necessários. Uma infinidade de apoiadores (jornalistas, intelectuais, dirigentes sindicais e parlamentares reformistas) ajuda a grande burguesia. E o poder continua em suas mãos.

É preciso reconhecer que, muitas vezes, a discussão nos sindicatos, nas entidades estudantis e populares fica dentro desses limites que a burguesia estabelece, só no terreno específico, sindical. O sindicalismo nada mais é de que a aceitação dos limites impostos pela burguesia nas lutas dos trabalhadores.

É preciso reverter isso. A vanguarda das lutas deve voltar a discutir uma estratégia revolucionária. É preciso debater, aberta e francamente, entre os ativistas, como se pode mudar o país. Vamos conseguir através de eleições? Ou através de uma revolução? E que tipo de revolução nós queremos?

Para estimular esta discussão estratégica, nada melhor que revisitar as experiências da Revolução Russa. O outubro russo foi e é a maior fonte de experiências para os que se propõem a lutar por uma revolução operária e socialista.

Todas as revoluções são diferentes umas das outras. Não se repetirá uma revolução exatamente como a de 1917, assim como não veremos outra como a espanhola de 1935-36, ou a boliviana de 1952, ou a cubana de 1959. O desenvolvimento econômico dos países, o peso relativo das classes, as diferentes formas de organização das massas, enfim, todas são características particulares dos países e das revoluções.

No entanto, o capitalismo unifica todos os países através do mercado. As leis da luta de classes seguem tendo plena validade geral. A revolução ronda todos os continentes e se materializa na América Latina nas insurreições populares na Bolívia, Equador e Argentina.

Assim, as experiências da Revolução Russa seguem tendo uma enorme importância, porque demonstram uma estratégia revolucionária em ação. Este é o nosso objetivo: fundir as lutas diretas dos trabalhadores com as discussões estratégicas da revolução socialista.

Viva a marcha do dia 24 de outubro!

Viva os 90 anos da Revolução Russa!

Post author Editorial do Opinião Socialista nº 319 – Edição Especial – 90 Anos da Revolução Russa
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