Cartaz presente nas últimas mobilizações em São Paulo
Redação

Seguir nas ruas pela redução das tarifas e pela criminalização da Homofobia

Mesmo diante das maiores manifestações de rua do país desde o Fora Collor, o Deputado Federal Marcos Feliciano (PSC- SP) conseguiu aprovar nesta terça-feira, dia 18 de junho, o projeto de decreto legislativo que trata da “cura gay”. Essa atitude mostra o tamanho da capacidade desse parlamentar em não considerar a força daqueles que lutam.
Desde que foi indicado para ao colegiado da CDH (Comissão dos Direitos Humanos e Minorias) uma grande onda de manifestações provocadas por ativistas que lutam pelos direitos humanos tomou conta do país. O nome do pastor evangélico tornou-se uma referência política da homofobia. Um símbolo-mor que representa os setores mais conservadores, atrasados, ruralistas e Homofóbicos. A atitude de aprovar esse projeto, sob a conjuntura de protestos que vive o país, mostra que ele se aproveitou de não ter quase ninguém no colegiado e mais: dá evidencias de que ele não teme a organização política do povo que está nas ruas.
Uma votação em um cenário diferente
Para quem assiste a votação da CDH, disponível em vídeo no site da câmara federal,  o que percebemos é um cenário que não lembra os dias calorosos de ocupação do plenário, quando vários militantes do movimento LGBT e manifestantes de entidades, como ANEL e a CSP – Conlutas, protestaram incansavelmente até ser detidos e impedidos de entrar na sala onde ocorriam as reuniões da CDH.
Há mais de dois meses, em inúmeras sessões, dezenas de ativistas gritavam palavras de ordem que atrapalhavam os trabalhos homofóbicos da CDH. Hoje, aproveitando-se de que apenas cerca de 10 manifestantes seguravam cartazes, afinal, a grande maioria dos militantes está nas ruas se somando aos inúmeros protestos, o representante da bancada evangélica aprovou o projeto que tanto defendia: o de “Cura” para os Gays.
O projeto de “Cura” Gay
A votação que ocorreu nesse dia 18 de junho tirou como encaminhamento a suspensão da resolução do Conselho Federal de Psicologia de 1999 que proíbe profissionais da área em colaborar com eventos e serviços que ofereçam tratamento e cura para a homossexualidade e vedar manifestação que reforcem preconceitos sociais em relação aos homossexuais.O projeto seguirá ainda para duas comissões antes de ir ao plenário.
Esse novo elemento da realidade é a expressão viva da Homofobia. Mesmo vivendo em um país que acabou de aprovar o casamento civil gay, onde há uma novela global explorando o tema da adoção para homossexuais, a homofobia segue sendo um grave problema social e político. Pesa sobre isso a marca registrada de vivermos num país onde a cada 26 horas um LGBT é assassinado. Como se não bastasse essa dura realidade, percebe-se que, para o setor conservador, não basta os assassinatos e a violência homofóbica. Eles querem voltar ao tempo e considerar a atitude homossexual como uma enfermidade.
O projeto de lei que será discutido e submetido à apreciação e votação pela Câmara dos Deputados é um atraso para o nosso país. A pauta de reivindicação do movimento LGBT que lutava pela despatologização da Homossexualidade já foi superada há mais de 20 anos. Só o fato de levar essa discussão para o plenário da Câmara Federal já mostra o tamanho da Homofobia que segue corrente em nosso país. Hoje, aqui no Brasil, o movimento precisa voltar duas décadas para explicar pacientemente aos senhores deputados que não somos uma moléstia, uma doença.
Para nós do PSTU, é inadmissível que tenhamos que voltar na história para esclarecer que ser gay, lésbica, bissexual, transexual não é “anormal”. Este é mais um desserviço do Governo Federal contra os oprimidos e as minorias.
O PT da presidente Dilma saiu da CDH da Câmara federal para dar assento a um representante político da Homofobia que neste momento atrasa a vida de milhões de brasileiros, julgando nossa orientação sexual como uma patologia. É dessa forma que, para os LGBT’s, a Senhora Presidente Dilma celebra os 10 anos de PT no governo federal.
“É hora de protestar, Feliciano para fora já!”
O Brasil vive desde o dia 6 de junho uma grande “saída” do armário. O povo faz inúmeros protestos contra o aumento na tarifa do transporte público. Em muitas cidades, a pauta vai além. É a saúde, a educação, o uso irresponsável de dinheiro público para a Copa. Nas últimas mobilizações em São Paulo, diante de mais este ataque aos LGBT’s, uma multidão de vozes cantava “Que contradição, vinagre é crime, homofobia não!”, em referência as detenções arbitrárias de ativistas por carregarem vinagre nas mobilizações. É a manifestação popular colocando tambpem nas ruas a pauta pela criminalização da homofobia.
Este é um momento muito importante para o cenário político e econômico de nosso país. Para nós que construímos um partido de lutadores, a mobilização de rua é a expressão daqueles que não suportam mais o descaso dos governos e dos patrões.
Para nós, é hora de seguir nas ruas pela redução das tarifas e pela criminalização da homofobia.
Não à Cura Gay! Homossexualidade não é doença!
Fora Feliciano!
Criminalização da Homofobia Já!