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No último dia 27 de novembro, o PSTU de Minas Gerais realizou uma importante homenagem ao companheiro Martinho Alberte, militante operário histórico do partido, morto recentemente em um acidente de trabalho no metrô de Belo Horizonte.
Militantes, amigos e familiares lotaram o auditório do Sindrede para lembrar e homenagear Martinho.

O primeiro a falar foi Oraldo, dirigente histórico do partido, que lembrou que infelizmente o acidente de Martinho não é exceção, mas faz parte da dura realidade dos trabalhadores dentro das empresas. “Essa é a lógica das empresas capitalistas: intensificam o ritmo de produção, e ao mesmo tempo reduzem custos, sem se preocupar com a segurança dos trabalhadores, por isso os acidentes estão se tornando cada vez mais frequentes. A melhor homenagem que podemos fazer a Martinho é travar uma luta sem tréguas para melhorar as condições de trabalho dentro das empresas, como parte da luta pela transformação da sociedade capitalista”

Muito emocionado, Valdisnei, dirigente do Sindsaúde, citou poeticamente Martinho: “Há homens que lutam um dia, e são bons; Há outros que lutam um ano, e são melhores; Há aqueles que lutam muitos anos, e são muito bons; Porém há os que lutam toda a vida, estes são os imprescindíveis.” Assim era Martinho.

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Antonio Feliciano, ativista metalúrgico e do movimento negro, contou que Martinho foi um dos primeiros a convidá-lo para entrar no PSTU, e lembrou o papel que ele cumpriu na legalização do partido no estado: “Viajamos o estado todo para legalizar o PSTU, e no final do dia, Martinho dizia, vamos comer uma carne gorda e tomar alguma coisa que nós merecemos”.

Giba, companheiro e amigo de Martinho no dia a dia da militância, explicou o papel que ele teve como um dos primeiros a ajudar na organização dos metalúrgicos em minas, a começar pela chapa de oposição (1984) que resgatou o sindicato das mãos dos pelegos para a categoria: “Ele tinha muita disposição para estar sempre nas atividades e greves nas fábricas, por isso esteve sempre presente nas lutas e nos momentos decisivos da categoria metalúrgica. Martinho ajudou a fundar a CUT, o PT, o PSTU e a CSP-Conlutas e atualmente cumpria destacado papel na organização da oposição metalúrgica”. Giba encerrou sua intervenção com o grito que os revolucionários homenageiam seus mártires “Companheiro Martinho” e todos responderam “presente!”.

Mancha, representando a direção nacional do partido, contou a história do início da militância de Martinho, ainda na Liga Operária, em São Carlos, em 1978: “Ele queria ser engenheiro, mas naquele momento de efervescência política contra a ditadura militar, acabou virando trotskista. Mais tarde, Martinho foi parte de uma geração que saiu da universidade de São Carlos para todos os cantos do país, com objetivo de se ligar ao movimento operário. Ele não surgiu por acaso, foi parte da luta de uma geração contra a ditadura e pelo socialismo”.

Fátima, diretora do Sindsaúde, falou do afeto e da solidariedade de Martinho com os demais companheiros: “Encontrei com Martinho pela ultima vez dois dias antes de ele falecer. Ele me deu um abraço, um beijo, e conversamos muito. Dançamos juntos no aniversário do Giba. Isso é importante para nós militantes, que muitas vezes ficamos embrutecidos com a dureza da luta cotidiana. Devemos abraçar nossos companheiros sempre que pudermos, e dizer o quanto nos importamos com eles, pois esta pode ser a última vez…”.

Israel Pinheiro, antigo metalúrgico do partido e amigo há 27 anos de Martinho e da família foi o último a falar, e lembrou como Martinho se preocupava com ele e os demais militantes: “No dia de sua morte foi me levar ao TRE, para entregarmos um documento do partido. Preocupado com minha saúde, só foi embora quando garanti que pegaria um Taxi de volta. No caminho para o TRE fez a brincadeira de sempre no trânsito, dizendo aos outros motoristas, “cuidado minha gente que os trotskistas estão passando”. Martinho era teimoso, e eu também, então a gente brigava, mas mantivemos sempre a amizade. Martinho transpirava a revolução. Foi uma grande perda para mim e para todos nós.”

Por fim, Israel entregou uma placa à família de Martinho, sua esposa Betinha, e suas filhas Laura e Sofia. A placa dizia: “Para nossa velha e eterna guarda, a luta trotskista nunca acaba”, mesma mensagem escrita pela família no enterro de Martinho.

O ato terminou com o vídeo de homenagem a Martinho e com todos cantando a Internacional.

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