Ex-primeira dama fala em defesa das mulheres e pela retirada das tropas, mas convive com seu voto a favor da guerraA candidatura de Hillary Clinton, uma das favoritas na disputa, também vem suscitando intensos debates. Afinal, a eleição da ex-primeira dama pode representar um fato histórico: seria a primeira mulher a assumir a presidência dos EUA. Algo que vem entusiasmando amplos setores do movimento feminista do país.

Hillary, evidentemente, tenta capitalizar esse apoio. Por isso, a senadora vende a imagem de ser a candidata que tenta romper, como ela mesma disse, “o mais elevado e duro teto para o avanço profissional” nos EUA.

Esse discurso de Hillary, porém, apóia-se numa ampla campanha ideológica realizada pela burguesia nas últimas décadas. De que, sob o capitalismo, a opressão machista vem diminuindo em função da maior “integração das mulheres ao mercado de trabalho”. Contudo, como toda ideologia, isso é uma completa inversão da realidade. O fato de existir uma maior integração da mulher ao mercado de trabalho não significa uma progressão que a levará ao fim da opressão machista.

Sob o capitalismo, a dita “integração” significa um aumento da exploração das mulheres, que são submetidas a baixos salários, trabalhos precarizados, muitas vezes acompanhados da mais completa falta de direitos, além das segunda e terceira jornadas que são obrigadas a fazer em suas casas.

O discurso da “integração” é uma mascara ideológica para esconder a manutenção da superexploração sobre as mulheres trabalhadoras. Uma exploração garantida por gente como Hillary Clinton e seu Partido Democrata.

Voto no Senado
Hillary representa a política tradicional do Partido Democrata e sua candidatura é apoiada por uma enorme máquina eleitoral. Mas Hillary é um verdadeiro camaleão político, mudando de posição conforme as conveniências.

Um dos maiores exemplos se deu com a guerra do Iraque. Em 2002, a senadora Hillary votou a favor da resolução que autorizou Bush a invadir o Iraque e disse que poderia ser tão “dura quanto os republicanos na guerra contra o terror”.

Mas, na medida em que a guerra se tornou cada vez mais impopular, Hillary mudou de discurso e, de forma oportunista, diz ser hoje contra a guerra. Assim, a senadora tenta aliviar as pressões que sofre da base democrata (que nunca engoliu seu apoio à guerra), ao mesmo tempo em que tenta se apresentar com alguém que é “capaz de resgatar a falida ocupação do Iraque”.

Por outro lado, no terreno da economia, Hillary defende um receituário neoliberal para combater a recessão. A senadora quer retomar o programa neoliberal aplicado por Bill Clinton nos anos 90. É preciso lembrar que a presidência de seu marido avançou na agenda neoliberal – do acordo com o México (Nafta), a Alca e outras políticas de livre comércio, a privatizações e desregulamentações, até a destruição de programas sociais.
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