Nesta terça, 22 de fevereiro, uma semana depois da invasão da polícia à ocupação Sonho Real, um grande ato na capital goiana exigiu a desapropriação do terreno e a punição dos culpados pelas mortes. O ato teve início ao meio-dia, em frente à Catedral de Goiânia, após a missa de sétimo dia em memória de Pedro Nascimento Silva e Wagner da Silva Moreira, mortos na violenta ação da Polícia Militar.

O protesto reuniu cerca de 500 pessoas e teve um caráter nacional, com a presença da senadora Heloisa Helena (P-SOL) e do presidente nacional do PSTU, Zé Maria, além das lideranças dos sem-teto, sindicalistas, vereadores e deputados. Zé Maria lembrou que a desocupação do dia 16 não foi uma ação de responsabilidade única da polícia. “O governador Marconi, o prefeito Íris e o presidente Lula são responsáveis por estas mortes”.

Os sem-teto repudiaram a manipulação que vem sendo feita pela imprensa da cidade. O jornal Correio da Manhã, que exigiu em vários editorias a desapropriação, publicou esta semana uma página dedicada a responsabilizar as lideranças sem-teto pelas mortes, por não terem deixado o local. Há meses, os sem-teto são tratados como oportunistas, aproveitadores e vagabundos pela imprensa. Em seu discurso, a senadora Heloisa Helena desmente a campanha da mídia: “Visitei a ocupação e não vi casas de mármores nem taças de cristal. Vi gente humilde, em casas simples, construindo um sonho.”

Na ocasião, foi lançado o Comitê de Solidariedade aos Sem-teto do Parque Industrial, criado após a desocupação, para exigir das autoridades o retorno dos moradores ao terreno.

(Com Gibran Jordão, de Goiânia)