O PPS e o PDT estão discutindo uma candidatura única para as eleições de 2006, que busque capitalizar o desgaste do governo Lula, com perfil da chamada “centro-esquerda”. São dois partidos burgueses, que discutem em cada estado se apóiam os governos do PT e do PSDB. Em São Paulo, o PDT está no secretariado de José Serra. Raul Jungmann, do PPS, foi ministro da “reforma agrária” de FHC, com ligações explícitas com latifundiários do país.

Esses partidos perceberam que existe um espaço à esquerda deixado pelo desgaste de Lula, e querem criar um terceiro pólo, alternativo ao PT e PSDB. Como parte dessa tentativa, estão montando um “seminário das esquerdas” em Brasília, em 19 de abril. Segundo o site do PDT: “São convidados intelectuais e acadêmicos, independente de filiação partidária ou sem filiação, e políticos vinculados aos partidos de esquerda e do centro democrático. O presidente do PDT, Carlos Lupi, citou nominalmente os senadores Cristóvão Buarque, do PT (DF), e Heloísa Helena, do P-SOL (AL)”.

A presença de Heloísa Helena nesse seminário confirmaria, mais uma vez, as negociações eleitorais do P-SOL para 2006 com esses partidos burgueses, que já vem ocorrendo há algum tempo. Lembremos que Heloísa esteve no Encontro Nacional do PDT no fim de 2004, e que uma moção pela ruptura das negociações com o PDT foi derrotada no Encontro Nacional do P-SOL.

Parece-nos um equívoco grave que o P-SOL continue com essas negociações. Isso indica um caminho semelhante ao percorrido pelo PT, de alianças com partidos burgueses. A candidatura presidencial de Heloísa Helena poderia ter uma grande importância política, caso fosse construída como expressão das lutas concretas dos movimentos sociais da cidade e do campo, e em um marco de uma frente de esquerda, classista e socialista.

Uma carta aberta com essa proposta foi encaminhada pelo PSTU ao P-SOL, mas até agora continua sem resposta.

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