Milícias do Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) tomaram o controle da Faixa de Gaza no último dia 14, depois de confronto armado com Al Fatah, partido do presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud AbbasA vitória do grupo islâmico foi declarada após a tomada dos principais centros de comando do Fatah, inclusive o quartel general das Forças de Segurança Preventiva, na Cidade de Gaza.

A reação de Abbas foi a decretação de um golpe de Estado, dissolvendo o governo de coalizão e destituindo o primeiro ministro palestino, Ismail Haniyeh, do Hamas. O Hamas reagiu e rejeitou o golpe de Estado. “Rejeitamos a decisão de Abbas. Em termos práticos, suas decisões não têm validade. O premiê Haniyeh continuará a ser o chefe do governo, mesmo que ele seja dissolvido por Abbas”, disse o porta-voz do Hamas à agência Reuters.

Apoio
O imperialismo saiu rapidamente em socorro de seu aliado e apoiou o golpe de Estado de Abbas. “Damos apoio total a ele [Abbas]”, afirmou a secretária de Estado dos Estados Unidos, Condoleezza Rice. O primeiro-ministro israelense, Ehud Olmert, também prometeu tomar atitudes a favor de Abbas

Conflitos
O motivo dos conflitos atuais se encontra na política adotada pelo imperialismo e por Israel desde o momento em que o Hamas conquistou a maioria do parlamento palestino, em janeiro de 2006. A vitória do Hamas expressou a revolta e a frustração do povo palestino diante dos governos do Fatah, marcados pela colaboração com Israel. Desde então, o imperialismo e o Estado sionista procuraram forçar o Hamas a baixar a cabeça, reconhecendo o Estado de Israel para não serem destruídos.

O cerco em torno ao Hamas foi se fechando em todos os âmbitos: político, militar e financeiro. Em março de 2006, foi declarado o boicote econômico à Palestina.

Essas ações foram combinadas com o fortalecimento militar da Fatah e de suas milícias. O jornal israelense Yediot Aharonot dizia que o grupo era financiado “por fundos da Europa que são transferidos diretamente para o presidente Abu Mazen [Abbas]”. O jornal ainda fazia menção às intenções do coronel Dahlan, homem que os EUA apostavam para derrotar o Hamas, de criar um exército unificando do Al Fatah para fazer frente ao Hamas.

Em maio, Israel fez novas intervenções militares procurando enfraquecer o Hamas, realizando prisões e “assassinatos seletivos”, cujos alvos eram os dirigentes do grupo islâmico.

Unidade
O golpe de Estado de Abbas, apoiado pelo imperialismo, cria um ambiente que favorece um cenário de guerra civil na Palestina. Por isso, é importante a unidade de todos que desejam resistir à Israel e seus parceiros. A paz só virá com a luta e a manutenção da bandeira de destruição do Estado racista de Israel e pela construção de uma Palestina laica, democrática e não-racista.

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