Em fábricas da Zona Sul de São José dos Campos (SP), operários aprovam em massa a doação de 1% dos salários aos trabalhadores haitianos. Na siderúrgica Gerdau, que tem 600 trabalhadores, a votação foi quase por unanimidade.

O diretor do Sindicato dos Metalúrgicos de são José dos Campos e Região, José Donizetti de Almeida, disse ter ficado muito contente. Ele acreditava que pudesse haver alguma resistência dos trabalhadores da Gerdau, mas a votação foi surpreendente. Nas assembleias dos três turnos, houve apenas um voto contrário e oito abstenções.

“O que dá para ver é um sentimento de solidariedade muito grande, principalmente depois das boas discussões que estamos fazendo”, disse animado. “Estamos no caminho certo, resgatando a solidariedade entre os trabalhadores”.

Outras empresas em que o desconto também foi aprovado foram a Sobraer e a Sopeçaero, ambas fornecedoras da Embraer, Gomy, Pesola, Swissbras, JVG e Dovale. Ao todo, o sindicato estima que tenha sido aprovada a doação de cerca de R$ 400 mil até o momento, um exemplo a ser seguido pelos trabalhadores de todo o país. Só na GM, fábrica mais importante da cidade, vão ser arrecadados R$ 300 mil.

O dinheiro arrecadado vai ser entregue diretamente à organização operária e popular haitiana Batay Ouvriye. “Este dinheiro será entregue direto nas mãos dos trabalhadores, não vamos entregar nada às tropas militares ou ao governo”, afirmou o presidente do Sindicato, Vivaldo Moreira Araújo.

Para Donizetti, não se trata de assistencialismo, mas de solidariedade de classe. “Queremos tirar o povo da fome e das rua e tirar as tropas de lá, para apontar um caminho dos trabalhadores para o Haiti e que eles tomem o controle de seu país nas próprias mãos”, concluiu.