A destruição da natureza não pode ser separada da acumulação capitalista. Para ampliar seus lucros, a burguesia precisa aumentar sua produção e impor padrões de consumo desenfreado à população. Mas, na corrida pelo lucro, a capacidade de autorecomposição a natureza é superada pela velocidade da produção capitalista. A destruição, portanto, é uma consequência natural do sistema.

As propostas de desenvolvimento sustentável – tão a gosto de supostos ambientalistas como Marina Silva – tentam conciliar o que na verdade é impossível: crescimento econômico e os lucros dos capitalistas com preservação ambiental. Essa proposta insere-se no marco da defesa de um “capitalismo ecológico”, com rosto humano. Seus defensores apresentam a devastação ambiental como responsabilidade de cada indivíduo e não como problema inerente do sistema.

O capitalismo não pode superar a crise que provocou, pois isso significaria pôr limites aos lucros da burguesia. Dessa forma, qualquer proposta de tipo reformista estará destinada ao fracasso, como ocorreu com o Protocolo de Kyoto (que sequer teve a participação dos EUA, maior poluidor do mundo) ou a COP-15.

Por outro lado, a “sustentabilidade” – como tudo no capitalismo – tornou-se mais uma forma de ganhar muito dinheiro. Os chamados créditos de carbono movimentam hoje 120 bilhões de dólares.

Ecologia e crise social
A questão ecológica também não está separada da crise social produzida pelo capitalismo. Desastres naturais estão diretamente associados aos graves problemas sociais. As tragédias ocorridas com os deslizamentos de morros no Rio de Janeiro expuseram a situação de milhões de trabalhadores que são arrastados para as favelas, expulsos de áreas “sem riscos” destinadas à especulação imobiliária.

Há toda uma discussão no meio científico se as fortes chuvas no Rio ou fortes enchentes têm alguma relação com o aquecimento global. Mas uma enorme quantidade de água não explica por si só por que a tragédia causou mais de 200 mortes.
A pobreza e a miséria forçaram milhões a ocupar territórios extremamente precários ou de proteção ambiental. As favelas estão crescendo num ritmo impressionante em todo o mundo. Portanto, a solução para muitos problemas ambientais está articulada com as necessidades mais básicas dos trabalhadores, como moradia, emprego etc.

Uma nova sociedade
O fim da exploração irracional da natureza só pode ser alcançado com a derrota do capitalismo e a construção de uma sociedade socialista, baseada na propriedade social dos meios de produção e no planejamento econômico, que garantam uma transformação radical da esfera produtiva.

Essa mudança envolve, em primeiro lugar, uma mudança radical da matriz energética atual, baseada em combustíveis fósseis. O capitalismo não pode garantir uma transição para uma matriz energética limpa, porque isso diminuiria as taxas de lucros dos empresários. Mas não há como deter o aquecimento global se as fontes energias responsáveis pela poluição não forem substituídas por novas fontes limpas, como a eólica, a solar etc.

Hoje, já existe a tecnologia necessária para que a passagem de uma matriz energética a outra não seja algo abrupto. Mas o grande entrave a essa necessária mudança é a própria indústria petroleira, que sobrevive graças ao sistema capitalista.
Por isso, a substituição da matriz energética e a transformação radical dos padrões de consumo atuais só podem ser atingidas em uma sociedade socialista. Sob um novo tipo de Estado, a população organizada é quem vai planejar a economia de modo que a produção possa atender às necessidades sociais e, ao mesmo tempo, às exigências de proteção ao meio ambiente.

*colaborou Denis Ometto
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