O assassinato do ditador dominicano Rafael Trujillo em 1961, depois de 31 anos de ditadura e 50 mil mortos, levou a eleição do candidato e fundador do Partido Revolucionário Dominicano (PRD), Juan Bosh, em dezembro de 1962, empossado em fevereiro de 1963.

Como começou a realizar uma acanhada reforma agrária e a nacionalização de algumas explorações estrangeiras, depois de sete meses o imperialismo norte-americano articulou um golpe militar liderado pelo General Elias Wessin y Wessin, que controlava o Centro de Entrenamiento de las Fuerzas Armadas (Centro de Formação das Forças Armadas “CEFA”). Posteriormente, o poder foi entregue a um triunvirato civil. Os novos líderes rapidamente fecharam o Congresso e aboliram a Constituição.

Mas em 24 de abril de 1965, um grupo de jovens oficiais, liderado pelo coronel Francisco Caamano, derrubou o triunvirato. O seu grupo passou a ser chamado de “Constitucionalistas“, por querer restaurar o presidente constitucionalmente eleito. Eles saíram às ruas, tomaram o Palácio Nacional, as estações de rádio e de televisão. Distribuíram armas para o povo e combateram nas ruas da capital, Santo Domingo, e em todo país, os militares de direita e do CEFA que recuou para a sua base em San Isidro.

De San Isidoro, o comandante do CEFA, Donald Reid Cabral, que tinha o sugestivo apelido de “El Americano” solicitou intervenção dos Estados Unidos.

Inicialmente, os norte-americanos realizaram uma ação militar limitada com fuzileiros navais com o pretexto de evacuação dos civis de seu país, construindo uma zona de desembarque no Hotel Embajador.

Mas o Presidente Lyndon Johson, quando viu a derrota de seus aliados e temendo uma nova Cuba, resolveu intervir diretamente enviando uma frota de 41 navios à pequena ilha, e a invasão foi feita por Marinese soldados da 82ª Divisão Aerotransportada. Ao todo, 42.000 soldados foram enviados para a República Dominicana.

A partir de maio, a intervenção passou a ser bancada pela Força Interamericana de Paz, patrocinada pela Organização dos Estados Americanos, a OEA. Formada por 1.130 soldados do Brasil, e mais 620 de países como Honduras, Paraguai, Nicarágua, Costa Rica e El Salvador. Países com regimes ditatoriais como os de Alfredo Strossner no Paraguai e Anastacio Somoza na Nicarágua.

Os combates continuaram até 31 de agosto, quando foi declarada uma trégua. Alguns soldados brasileiros morreram nestes enfrentamentos.

Nas eleições realizadas para eleger o novo presidente, disputadas entre Juan Bosh e Joaquín Ballaguer, ex-vice de Trujillo, o segundo ganhou pelo Partido Reformista, bancado pelo governo norte-americano em um país ocupado por tropas estrangeiras, e mesmo assim, centenas de pessoas tomaram as ruas para denunciar as fraudes.

A intervenção acabou em 21 de setembro de 1966, quando a Força Interamericana de Paz foi embora, garantindo o governo de Balaguer. Sua ditadura ficou no poder por 22 anos.

Os militares brasileiros contaram com apoio político e financeiro do governo norte-americano para dar o golpe no Brasil em 1964, por isso o ditador-marechal Humberto de Alencar Castelo Branco tinha a obrigação de retribuir o favor.

Hoje o Brasil cumpre o mesmo papel no Haiti
Ha 50 anos o Brasil já mostrava que estava absolutamente submetido aos desígnios do imperialismo norte-americano, assim como agora quando mantém tropas no Haiti.

A Missão das Nações Unidas para Estabilização do Haiti (Minustah), força armada sob liderança do Brasil, completará 12 anos de ocupação no país. Muitas multinacionais se utilizam da situação de ocupação militar para estabelecer sedes em solo haitiano, uma vez que o país conta com mão-de-obra barata e uma legislação trabalhista e ambiental inferior a muitos países.

O ministro da Defesa, Jaques Wagner, quer que as tropas brasileiras comecem a sair do país somente em 2016. O efetivo militar é de cerca de mil homens e mulheres neste momento. Mas cerca de 15 mil militares do Brasil serviram na Minustah.

Calcula-se que já foram gastos perto de R$ 3 milhões nesta intervenção, mas o grosso dessa quantia não foi aplicado na saúde, educação ou moradia, e sim em estruturas miliares. A missão da ONU no Haiti desarma os pobres e negros nas periferias das grandes cidades, tranquilizando as multinacionais imperialistas. Além disso, carregam em suas costas inúmeras denúncias de estupros e massacres cometidos contra o povo haitiano. Ao contrário do que diz a mídia brasileira, o povo haitiano não tem nenhuma simpatia por estas tropas.

Mesmo com todas estas denúncias de abuso de poder, violações de direitos humanos, crimes sexuais e desrespeito à soberania nacional a ONU decidiu, em outubro do ano passado, renovar a permanência da Minustah por mais um ano, com possibilidade do acordo ser renovado caso seja avaliado como necessário. Isso pode ocorrer em breve

A diferença é que há 50 anos o governo era uma ditadura militar, agora é um governo de um partido que diz representar os trabalhadores.

Depois de 11 anos, é necessário que as tropas brasileiras e internacionais saiam do Haiti e seja realizado um Tribunal Popular para averiguação de todos os crimes cometidos durante a ocupação.

– Fora as tropas brasileiras e da ONU do Haiti!

– Pela soberania do povo haitiano!

-Por um Haiti Livre Soberano e Socialista