A ocupação do Iraque pelo imperialismo vem sofrendo seguidas derrotas no terreno militar e passando a pior imagem para os EUA: a de vulnerabilidade.

Em média são 33 ataques por dia, nos quais já morreram pelo menos 283 soldados norte-americanos depois do fim declarado da guerra. As dificuldades do Pentágono em relação às suas tropas e as notícias vindas do front fazem estrago nos EUA. O governo não aparece nos enterros para não associar a imagem de Bush às mortes, e o Pentágono proibiu fotografias dos caixões dos militares.

Uma guerrilha com apoio de massas

A resistência se baseia num amplo repúdio do povo iraquiano aos ocupantes. As comemorações a cada revés das tropas invasoras expressam uma indignação generalizada, o ódio às sanções da ONU por 11 anos e a memória popular das ocupações anteriores, como a britânica.

Os próprios generais dos EUA falam em cinco mil guerrilheiros e ora dizem que são seguidores de Saddam, ora que são da Al Qaeda. Mas não têm como explicar o poder de fogo de uma guerrilha com intervenção não só no campo, mas nas grandes cidades. A resistência usa seu conhecimento do terreno e o apoio popular para infligir permanentes golpes que podem desestabilizar e até desmoralizar os ocupantes e levar a uma retirada. Foi o que aconteceu na Argélia e no Vietnã.

Na resistência iraquiana há uma diversidade grande de grupos e tendências políticas: há baathistas (identificados com o nacionalismo pan-árabe), sunitas, xiitas e uma ala do PC do Iraque – a Quadros de Base -, já que a direção do PC apóia a ocupação.

Castigo aos colaboracionistas

O imperialismo montou um “conselho” iraquiano sem nenhuma autoridade real, ao qual diz querer dar mais poder para se afastar um pouco da relação direta com a população. Ele é composto por empresários ligados aos EUA e Inglaterra, exilados trazidos pelas tropas invasoras, uma parte do PC iraquiano, um setor dos xiitas, vendidos do regime de Saddam e chefes curdos do norte.

O problema para essa estratégia é que o conselho e todos os que colaboram com a ocupação correm perigo devido ao ódio que despertam por sua condição de marionetes do imperialismo. Foram mortos uma ministra, prefeitos, juízes, e outros renunciaram.

Bush tenta apoio externo para não perder o interno

Frente a uma guerrilha cada vez mais ousada, o governo Bush tentou legitimar a ocupação e conseguiu o aval da ONU e dos “parceiros” antes contrariados por não poder participar da pilhagem. Mas a ONU sofreu um atentado e acabou retirando seu pessoal do país. O apoio não se traduziu em tropas e recursos substanciais.
Bush fez uma Conferência para doadores em Madri, mas só conseguiu 1,5 bilhões de dólares da Europa e um pouco mais do Kuwait e Japão. E só conseguiu tropas da Itália e Polônia para combater com as dos EUA. Agora, a tropa italiana sofreu um atentado, que abriu um forte debate no país.

O resultado, no que diz respeito ao apoio interno à política de Bush para o Iraque, vem sendo devastador. Segundo pesquisa do Instituto Harris, em abril passado, 67% aprovavam a maneira como o presidente manejava a questão. Hoje, 58% a desaprovam.
Bush justificou a invasão dizendo que o Iraque podia usar armas de destruição massiva e tinha relações com a Al Qaeda. A falta de provas dessas acusações é fator de contínuo descrédito de Bush nos EUA. Por isso ele apela a outra mentira: a de “recuperar o Iraque para a democracia”.

Para que isso tivesse credibilidade, a ocupação precisaria ter algum respaldo, mas o que se vê é o repúdio das massas populares à invasão.

Post author Josef Weil, da revista Marxismo Vivo
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