Os guardadores de carros de Campos do Jordão (SP) estão sofrendo um duro ataque do prefeito, João Paulo (PMDB), que, por meio de um decreto, proibiu que os trabalhadores oferecessem seus serviços aos cidadãos. Criando uma “área azul”, além de tirar o ganha pão de mais de 120 trabalhadores, ele beneficiou a Ticket Rede, empresa especializada em administrar a cobrança pelo estacionamento em vias públicas.

Essa repressão não é novidade. Desde que assumiu a prefeitura, em 2000, João Paulo e sua vice, Dinéia (PCdoB) vêm reprimindo violentamente os trabalhadores. Diante disso, os guardadores de carros resolveram se organizar em uma associação. Dois anos depois, ela foi legalizada e, atualmente, caminha para a segunda gestão de diretoria. Graças a essa organização, os trabalhadores conseguiram se manter nas ruas da cidade, ganhando muito respaldo da população e dos turistas.

Para conseguir tirar os guardadores das ruas, a prefeitura tem usado um forte aparato policial. As ameaças de prisão e agressão são constantes. A arrogância do comandante da policia é tamanha, que ele justifica a retirada dos trabalhadores dizendo que “guardar carros não é profissão legalizada”. No fim de semana de 17 e 18 de junho, a polícia proibiu os 120 trabalhadores de olhar os carros nas ruas e ameaçou: “Temos mais de 300 homens, se tiver enfrentamento teremos três policiais para cada um de vocês”. A denuncia é feita pelo coordenador da Conlutas da região.

A Rede Globo da região se prontificou a defender a prefeitura, orientando os turistas que estão subindo a serra, a pagar a zona Azul e não aos membros da Associação. O que ela não diz é que uma esposa do prefeito é uma das sócias da empresa que presta o serviço e, com o sistema instalado, não será gerado um único emprego porque ele é totalmente informatizado.

A única reivindicação da associação é o direito ao trabalho, pois é a única fonte de renda de que muitos pais e mães de família têm. O que os guardadores recebem são as contribuições voluntárias dos moradores e turistas. Vigiar carros foi uma das saídas encontradas para tentar sair do alarmante número de 10 mil desempregados da cidade.

Neste sábado, dia 24, ocorreu um ato no centro, com uma carta aberta à população e um abaixo assinado, exigindo da prefeitura o direito ao trabalho. No mesmo dia será realizada a posse da segunda gestão da diretoria da associação. Os guardadores sabem que não estão sozinhos. Vários sindicatos e movimentos sociais de todo o país estão apoiando e defendendo as suas reivindicações.

HISTÓRIA
Desde que os “flanelinhas, como também são conhecidos, começaram a trabalhar nas ruas do centro, houve uma grande diminuição do número de roubos. Após esses anos de luta, eles se aproximaram alguns movimentos sociais da região e depois da Conlutas. Hoje, eles trabalham cadastrados e com um crachá da Conlutas. A associação tem construído a Coordenação na serra. Seis delegados participaram do Conat e com reuniões quinzenais estão se aproximando das comunidades de amigos de bairro.