Terminou neste domingo, 26, a reunião nacional da coordenação da Conlutas, no Rio de Janeiro. A tarde do dia 25 de julho foi reservada para a reunião dos Grupos de Trabalho (GTs). Entre os diversos debates, esteve presente o tema das opressões, demonstrando a preocupação da central, desde a sua fundação, em organizar e dar resposta aos setores mais oprimidos da classe trabalhadora.

Mulheres
O GT de mulheres discutiu as reivindicações específicas das mulheres a serem incorporadas nas campanhas salariais do segundo semestre. A licença-maternidade obrigatória de seis meses, para todas as trabalhadoras, sem isenção fiscal ou qualquer outro benefício às empresas, é uma das reivindicações fundamentais.

“Nós queremos a imediata aplicação desta medida, com garantias de que o Estado irá implementá-la de fato”, explicou Rosângela Calzavara, diretora do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e membro do Movimento Mulheres em Luta, da Conlutas. Ela também opinou que a luta das mulheres não pode parar por aí: “Mas se, agora, a luta é pela implementação dos seis meses, nós não queremos só isso, porque as trabalhadoras precisam é de uma licença de um ano, além de pelo menos um mês para seus companheiros”

Cerca de 50 mulheres participaram desse grupo. Elas deram exemplos de como os patrões e o governo se utilizam cada vez mais do machismo como uma forma de superexplorar as trabalhadoras e as mulheres jovens. Além da licença-maternidade, uma série de reivindicações foi pautada com base nas resoluções do Encontro Nacional de Mulheres da Conlutas, ocorrido no ano passado.

Entre elas, estão a garantia de emprego para as mulheres, o direito pleno à maternidade, salário igual para trabalho igual, saúde e educação pública gratuitas e de qualidade e a implantação de creches 24 horas. “Nossa proposta é dar visibilidade a todas estas bandeiras nas campanhas salariais e, também, no 14 de agosto, dia nacional de lutas e paralisações”, concluiu Rosângela.

Negros e negras
No GT de Negros e Negras, as discussões centrais giraram em torno da luta pela retirada das tropas do Haiti e das campanhas salariais que estão por vir. “Vários companheiros de Sergipe, Maranhão, Rio de Janeiro, Minas Gerais, São Paulo, Rio Grande do Sul e outros estados deram empolgantes exemplos sobre o sucesso da Caravana com os companheiros haitianos que percorreu o país”, afirmou Julio Condaque, membro do GT.

Sobre as campanhas salariais, Julio disse que o objetivo do GT da Conlutas é dar um caráter de classe à luta antirracista. “Nós queremos dar um corte de raça e classe dentro destas campanhas, queremos, e é isto que justifica a própria existência do GT, trazer a agenda do movimento negro para dentro dos movimentos sindical, estudantil e popular”, explicou.

Julio também comentou a apresentação, logo no início do GT, da recém-eleita diretoria do Sindicato dos Comerciários de Nova Iguaçu, composta, em sua maioria, por negros e mulheres. “Eu achei muito comovente ouvir, por exemplo, a voz de um companheiro jovem, como o Jéferson, da diretoria, expressando e defendendo as posições de um novo movimento sindical, com um perfil radicalmente anticapitalista e antirracista, que responda não só às demandas da categoria, como trabalhadores superexplorados que são, mas também como negros, mulheres e jovens que veem um sindicato como um instrumento de luta por uma sociedade onde realmente tenhamos liberdade e igualdade. Foi muito importante, também, o destaque que ele deu para o extermínio da população jovem negra que, particularmente na Baixada, é vítima constante da violência dos patrões e do governo”, disse.

Julio também falou que o Movimento Quilombo Raça e Classe, que organiza os negros e negras da Conlutas, está tentando construir iniciativas com outros segmentos do movimento negro, como o Círculo Palmarino, setores do Movimento Negro Unificado e várias outras entidades e militantes “que se encontram em crise ou em confronto aberto com a política de suas direções e do governo”.

Ele disse que há um espaço político muito grande aberto, pois, atualmente, “até mesmo as atividades nacionais do movimento tradicional, como o Congresso Nacional de Negros Brasileiros (Coneb), e, principalmente, as propostas governamentais, como a Secretaria Especial de Promoção de Políticas de Igualdade Racial (Seppir), não têm resultado em absolutamente nada para a comunidade negra”.