Foi com uma forte de emoção e denúncia que foi marcado o Grupo de Trabalho de Negros e Negras que a Conlutas trouxe para o Fórum Social Mundial nesse dia 31 de janeiro. Com o tema “Negros e negras diante da crise econômica e diante da posse de Barack Obama, desafios e perspectivas”, a reunião que ocorreu no clube Monte Líbano contou com a presença de vários ativistas do movimento negro nacional representando entidades como a Conlutas, MNU, Quilombo Urbano, entre outras.

Compondo a mesa estavam Dayse Oliveira, pela Secretaria Nacional de Negros e Negras do PSTU, Hertz, pelo Quilombo Urbano do Maranhão, Julinho do MNU, Yani, do GT de Negros da Conlutas e Marcos Silva, da Conlutas do Maranhão.

O centro do debate foi a eleição de Barack Obama à presidência dos EUA e qual o seu significado para o movimento negro mundial. Ficou claro desde a primeira fala que Obama é apenas um instrumento da burguesia para impedir a crise do regime capitalista naquele país e não representará os interesses do povo negro, nem norte-americano e muito menos mundial. Ao contrário, será nas costas do povo negro e dos trabalhadores em geral que Obama jogará o peso dessa crise mundial. Para Dayse, “Ele (Obama) é um símbolo, mas o símbolo não transforma, o que transforma é a luta e a união dos negros contra o capitalismo”.

Houve também nas falas dos demais participantes, após o debate na mesa, vários relatos emocionantes da discriminação que o povo negro sofre ainda e dos assassinatos ocorridos nas periferias das grandes cidades, aonde as maiores vítimas são, geralmente, jovens negros.

A questão do socialismo também tocada e debatida amplamente com o seguinte questionamento: é possível o fim do racismo com a revolução socialista? Hertz, do Quilombo Urbano, colocou que a revolução socialista possibilitará que o racismo possa, ao longo de um período, ser exterminado. Porém, isso levará tempo. Somente no comunismo poderemos, enfim, viver em uma sociedade igualitária e com o fim das opressões.

O GT terminou sob a palavra “Brasil, África, América Central, a luta do negro é internacional”, com a Conlutas chamando um novo movimento negro, classista, socialista e anti-imperialista.