O Grupo de Trabalho de mulheres da Conlutas “Movimento Mulheres em Luta” realizou na manhã desse dia 31 de janeiro, no FSM, mais uma discussão sobre o combate as opressões. Um fato importante de se destacar é que, no atual contexto, de forte crise do capital, as mulheres trabalhadoras do país e do mundo sentem na pele o agravamento de sua opressão. São as mulheres que passam diariamente por uma dupla jornada, sendo oprimidas no ambiente de trabalho e nos seus lares. Para além disso, são as que ocupam os postos mais precarizados e as primeiras a enfileirar a marcha de desempregados com os efeitos da crise. “A crise econômica aprofunda todos os problemas vivenciados pelas mulheres no seu dia-a-dia” relata Janaina Rodrigues, da Secretaria de Mulheres do PSTU e da Conlutas.

A discussão pautou qual deve ser o caráter do movimento de mulheres no combate às opressões, já que no seio dos movimentos sociais existem diversos grupos feministas que se organizam e disputam a consciências das mulheres lutadoras. O Movimento Mulheres em Luta defende que a luta contra as opressões deve ter um claro recorte de classes, já que a sociedade está dividida entre dois pólos, de um lado os trabalhadores e de outro os patrões, de um lado os explorados e de outro os exploradores, essa diferenciação é fundamental. A luta contra a opressão da mulher deve ser uma luta contra a sociedade de classes, pois enquanto houver capitalismo, haverá opressão.

Contra as opressões, contra o capital
“Construir o Movimento Mulheres em Luta é ir contra a lógica do capital, na construção de um movimento classista, que para além de combater as opressões deve lutar pela igualdade entre homens e mulheres, negros e brancos, homosexuais e heterosexuais, uma luta por outra sociedade, sem classes e sem patrão, uma sociedade socialista”, disse Janaina.

O movimento de mulheres da Conlutas contrapõe-se categoricamente aos setores feministas que aplaudem os governos que matam e perseguem os trabalhadores e suas organizações, realidade hoje da Marcha Mundial de Mulheres. Movimento que apresenta uma proposta de conciliação de classes para a superação da opressão da mulher. Como se fosse possível a emancipação das mulheres trabalhadoras sob a exploração do sistema capitalista.

Ana Rosa, também da Secretaria de Mulheres do PSTU e da Conlutas, alertou que muitas vezes as próprias mulheres são apontadas como culpadas por sua opressão, sobre isso respondeu: “a mulher não é culpada por ser oprimida, assim como o trabalhador não é culpado por sua exploração, nem o negro pelo racismo ou o homosexual pela homofobia, precisamos nos unir enquanto classe para lutar contra os verdadeiros culpados, a burguesia e o capitalismo” concluiu.

Panelaço chama atenção de participantes do FSM
Após a discussão as participantes e os participantes do GT saíram em um “Panelaço contra as opressões, contra as demissões e pela estabilidade no emprego” numa passeata pelas ruas da Universidade Federal do Pará (UFPA). O ato chamou a atenção dos participantes do Fórum e da imprensa ali presente.

As ativistas agitaram palavras de ordem como “Mulheres na luta contra a opressão, abaixo o desemprego e a exploração” e “Liberdade ao nosso corpo, liberação do aborto”.

A passeata fez uma parada em frente à tenda em que iria ocorrer uma discussão sobre mulheres negras e fez uma saudação com a palavra de ordem “A nossa luta é todo dia, sou mulher negra e não mercadoria”. As manifestantes seguiram com bastante empolgação ao som das palavras de ordem e do bumbo que agitava as ruas UFPA, até o portão da universidade, onde terminou o ato.