Luta é para recuperar a soberania nacionalOs dois sindicatos que formam o grupo União & Luta (Metabase de Itabira e de Congonhas) entendem que os trabalhadores não devem pagar pela crise. A empresa teve uma grande lucratividade nos últimos seis anos e agora deve diminuir seus lucros, mantendo o quadro de funcionários e os investimentos na empresa e nos municípios.

Por isso, propõem que a empresa pague este ano a metade do valor dos dividendos aos acionistas, isto é, US$ 1,2 bilhão. A quantia economizada, outro US$ 1,2 bilhão, é suficiente para pagar a folha de pagamento anual dos 42 mil trabalhadores da Vale no Brasil.

Propõem também que a empresa pague, no máximo, a cada diretor executivo, um salário mensal de R$ 12 mil, correspondente ao do presidente da República. Pagando tal valor a seis diretores executivos, mais os gastos com encargos, alcançaria cerca de R$ 10 milhões no ano. A soma economizada (R$ 60 milhões) deve ser utilizada para investimentos sociais e ambientais nos municípios mineradores.

Além disso, propõem que a empresa suspenda as aquisições de novas minas e utilize os US$ 12 bilhões que tem em caixa para investimentos na empresa, em seus funcionários e nos municípios.

Reestatização da empresa
A Vale foi vendida em 1997 por apenas US$ 3,3 bilhões. Somente o lucro líquido de 2008 da empresa foi três vezes maior.

Com a privatização, perdemos a soberania sobre o subsolo brasileiro. Chegamos a uma situação em que os acionistas estrangeiros vão determinar o abandono da produção em Minas Gerais, que durante os últimos 67 anos fez a riqueza da Vale. Determinarão a demissão de cerca de 150 mil trabalhadores na cadeia produtiva mineral para satisfazer a ganância de um punhado de bancos internacionais.

O governo Lula até agora tem favorecido a internacionalização da Vale. O presidente, pessoalmente, tem uma relação estreita com o diretor presidente da empresa, Roger Agnelli, que não toma nenhuma decisão sem consultá-lo.

O governo emprestou em abril do ano passado, através do BNDES, a quantia de R$ 7 bilhões para a Vale, dinheiro este que está sendo usado para demitir trabalhadores e adquirir minas para enriquecer ainda mais os banqueiros internacionais.

O governo possui assento no Conselho de Administração da Vale e, até agora, tem sido favorável às políticas da empresa.

Além disso, a Vale tem como assessores sem pasta Luiz Gushiken e Marcelo Sereno, dirigentes nacionais do PT no período anterior, e como presidente do Conselho de Administração Sérgio Rosa, ex-sindicalista bancário da CUT, além de José Ricardo Sasseron, dirigente licenciado do Sindicato dos Bancários de São Paulo.

O grupo União & Luta exigirá do governo Lula que utilize o poder de veto na Vale para impedir as demissões e o fechamento de minas. O governo possui 12 ações Golden Share, que lhe dão o direito de veto em vários aspectos, incluindo “alienação ou encerramento das atividades de qualquer uma ou mais do conjunto das seguintes etapas dos sistemas integrados de exploração de minério de ferro: (a) depósitos minerais, jazidas, minas; (b) ferrovias; ou (c) portos e terminais marítimos”.

Post author Nazareno Godeiro, de Belo Horizonte (MG)
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