Em sua 15ª edição, o Grito dos Excluídos de São Paulo, no 7 de Setembro, tomou as ruas para gritar pela verdadeira liberdade. Com a participação de mais de 2 mil pessoas, fez ecoar na cidade o grito por moradia, educação, emprego e uma vida mais digna. Sem-teto, sem-terra, servidores públicos, metalúrgicos e estudantes, todos gritaram contra a exclusão e por mais emprego.

Na praça da Sé, o ato teve início com a mística, uma apresentação de teatro sobre o homem do campo e da cidade grande. Ao som da banda “Batucando a vida”, todos a uma só voz transmitiam a energia e vontade de um mundo igualitário. “Irá chegar um novo dia, um novo céu, uma terra nova, um novo mar e, neste dia, os oprimidos numa só voz a liberdade irão cantar”.

Os manifestantes saíram em passeata da Sé ao Monumento da Independência.
Participaram da manifestação o movimento estudantil Educafro, Movimento dos Sem Casa, Sintusp, Conlutas e Intersindical. Representantes das eclesiais de base começaram sua romaria no dia 5. Saíram de Perus e Brasilândia a pé para se unir ao Grito.

José Geraldo, o Gegê, coordenador da Conlutas, além de moradia, pediu o fim da corrupção no país com o “Fora Sarney”, por uma câmara única no lugar do Senado; a quebra da patente do remédio Tamiflu, contra a gripe suína; por uma saúde de qualidade. Ao fim, a música de luta tomou os manifestantes que em coro cantavam: “Vem, vamos embora, que esperar não é saber, quem sabe faz a hora, não espera acontecer”.

Um grito contra as injustiças
Os fatos que ocorreram recentemente nas favelas de Heliópolis e Capão Redondo também foram lembrados. Trechos da música “Despejo na favela”, de Adoniran Barbosa, foram declamados. O representante da Pastoral da Juventude, José Nilton, gritou contra a criminalização dos jovens, que sofrem tortura moral e física. Segundo ele, o Brasil ocupa o quinto lugar no ranking de 86 países em que jovens morrem por armas de fogo.
Gegê lembrou do recente acontecimento em que Januário, trabalhador da USP, foi espancado e humilhado no estacionamento do Carrefour por ser negro e ter uma Ecosport. “O DNA do negro é visto como DNA de marginal”, protestou, enquanto os manifestantes aplaudiam.

O sindicalista gritou também contra o golpe em Honduras e pela volta do presidente deposto, Manuel Zelaya. Defendeu ainda a saíde das tropas brasileiras do Haiti. O petróleo também foi ressaltado na manifestação com as palavras de ordem “O petróleo tem que ser nosso” e “Petrobras 100% estatal”. Contra a situação que Lula vende, na qual diz que a descoberta do pré-sal é uma segunda independência. “A independência será real quando as medidas do antigo governo (FHC) forem revogadas”, disse Gegê.
O representante Pedro Paulo, da Intersindical, gritou por liberdade. “Não existe um povo livre enquanto houver falta de emprego e moradia”. Afirmou ainda que a crise não passou, que a propaganda enganosa do governo não pode iludir os trabalhadores. “Não vamos pagar pela crise”. Ele denunciou o “acordo” feito entre CUT, Força Sindical e governo, que arrocha os ganhos dos aposentados. “Devemos lutar pelo fim do fator previdenciário. A Intersindical se soma aos aposentados contra esse acordo”.

Durante a passeata que durou 1h30, as janelas se abriram e muitos de fora cantavam junto. As crianças dançavam e se identificavam com a energia da luta pela liberdade. Nas janelas, o som entrava e muitos desconfiados se entregavam e caíam na dança. Na chegada, as escadarias do monumento foram tomadas por faixas pedindo emprego, moradia e respeito.

Post author Bianca Pedrini, da Conlutas
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